O debate não termina aqui, aliás ainda mal começou. Conforme prometido o António Duarte do blogue The Bull and The Bear enuncia um conjunto de potenciais soluções para o problema da trânsito em Lisboa cuja leitura recomendo ainda que não subscreva inteiramente.
Mais do que preocupar-se em ser imperativo sintetisa algumas das ideias mais comuns entre quem tem acompanhado este assunto numa perspectiva não profissional. Termina o seu texto com um apelo à vontade política em dinamizar uma intervenção que leve a cidade e a área urbana a uma organização sustentável do espaço e da sua fruição.

Contudo, o António remata o seu texto com um parágrafo perturbador, na minha modesta opinião…

“Nos últimos tempos, quer se goste ou não da pessoa, Pedro Santana Lopes tem tido uma intervenção directa e profunda nesta matéria. Oxalá possa continuar a ter coragem, por que para fechar algumas zonas a circulação foi preciso ter coragem que outros apenas conseguiram arranjar para fechar a Avenida da Liberdade aos domingos de Manhã.” in The Bull and the Bear

Infelizmente, e alheando-me de fazer qualquer tipo de defesa do anterior executivo camarário, não vejo qualquer indício de uma ideia global para Lisboa, e muito menos sustentável, por parte do actual presidente de Câmara no que diz respeito à resolução dos problemas de trânsito e mobilidade na cidade.

Limitou o acesso motorizado aos utentes em zonas particularmente complicadas em alguns bairros históricos o que, se o fez salvaguardando os interesses dos residentes, acho muito bem, mas, ao mesmo tempo:

– aumentou os estacionamentos disponíveis favorecendo a população flutuante (não discriminando positivamente residentes),

– sugeriu o encerramento da linha de Cascais em Algés (será que já abandonou definitivamente essa ideia?),

– ignorou olimpicamente qualquer proposta de criação de faixas reservadas a bicicletas nas áreas planas da cidade (que pensando bem, são bem mais extensas em termos globais – e servem mais residentes! – do que a zona limitada pelas íngremes colinas dos bairros históricos).

– participou na deslocalização da Feira Popular talvez para a zona mais mal servida por transportes colectivos no seio do Concelho;

– e já agora, talvez uma das mais graves consequência da sua “coragem”, preteriu o alargamento de largos quilómetros de faixas dedicadas a Transportes Públicos que em muito poderiam auxiliar a Carris e outros operadores a se aproximarem da sustentabilidade financeira, para construir um túnel de milhões de euros (em quanto ficará no final?) para aumentar a fluidez (?!) do trânsito no coração da cidade.

Não é deste tipo de “coragem” e de “intervenções directas e profundas” que Lisboa e a Ã?rea Metropolitana precisam para começarem a enfrentar determinadamente e de forma coerente os problemas de mobilidade.

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