II
Transportes públicos: recomendo-os vivamente a políticos, escritores, amantes do meio ambiente, proprietários de muitos cavalos… A todos.
Para terminar deixo-vos uma dica. Um ex-colega, sobrinho de uma das maiores fortunas do país, um dia apanhou-se dentro de um autocarro. Acho que tudo o resto falhou. O bólide, os taxis, o pedido de ajuda ao amigo para um recolha de urgência ao domicílio… Alguém lhe sugeriu o autocarro para chegar a tempo, a bom porto – seguramente um amigo com desvios esquerdistas.
Ora o infeliz era virgem naquelas andanças. Autocarros só mesmo para ir para a colónia de férias do resort do colégio e era viagem pendular sem paragens. Está-se mesmo a ver que logo por azar ninguém quis sair na paragem que lhe convinha e o coitado – desconhecendo o serviço personalizado que se acciona quando se primem os botões de stop e perante a paragem deixada para trás, desata a chamar incompetente ao motorista. Que se esquecera de parar, que era um funcionário público incompetente (esta parte da ofensa a classe dos FP adivinhei-a eu, mas era capaz de jurar que aconteceu).

A cena tocou tanto o motorista que, tendo topado logo o meu ex-colega pela gravata e pelos colarinhos brancos da camisa às riscas, resolveu devolver a comoção sincera do utente com inesperada bondade e compreensão. Foi tanta simpatia pedagógica, explicando o funcionamento dos botanitos vermelhos com um complacente sorriso nos lábios, apesar das ofensas, que o protagonista, senhor de uma invejável capacidade rir de si próprio, se atreveu a partilhar aquela lição de vida com os detalhes aqui descritos a este que os escreve. Uma lição que tomou já nos seus bem completos 30 anos.
Como vêem nunca é tarde e com esta dica evito-vos o embaraço. E daqui a uns mesitos é bem capaz de haver preços diferenciados de acordo com o escalão do IRS, tudo em prol da indústria automóvel, da investigação pneumonológica e dos condomínios fechados em Benavente, por isso, é aproveitar a borla. Toca de apanhar o eléctrico dos Prazeres à Graça minha gente!

Quando comecei a escrever não era para ser nada disto, mas agora fica assim.

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