Destaco aqui um comentário do Luis Lavoura que toca de forma explícita num dos problemas basilares que levam a tantos outros que aqui temos aborado: a incipiente “reciclagem de edifícios”.
É claro que se partirmos da fatalidade defendida/identificada pela Catarina de que uma cidade é por definição um local poluído numa lógica “adeus mundo cada vez pior“, não faz grande sentido reciclarmos edifícios no interior das cidades para pôr lá pessoas a viver… Engano-me. Lá estou eu a partir do princípio que as pessoas se podem dar ao luxo de ser racionais, se o fossem também não viveriam em subúrbios. E quando digo “dar ao luxo” estou mesmo a pensar nas dificuldades em ter como opção viver noutro sítio que não naquele onde vivem.
Por agora fiquemo-nos pelo comentário do Luís, por agora:
O The Bull and the Bear na sua mensagem fala essencialmente dos transportes colectivos inexistentes. Mas em minha opinião o problema real é urbanístico, e não de transportes. O problema real está na falta de reciclagem de edifícios, que faz com que os edifícios vão ficando abandonados à medida que envelhecem, e na promoção de uma política de habitação assente na compra de casa própria e na correspondente especulação com os valores das casas, em vez de assente no arrendamento.
Em Portugal estão permanentemente a ser construídos novos subúrbios. Os próprios subúrbios velhos (Cacém, Paço d’Arcos, etc) vão ficando abandonados, substituídos por subúrbios novos. Os subúrbios novos dependem 100% do transporte em automóvel próprio.
O problema: não há reciclagem dos edifícios, e a política é sempre a da casa própria. É esta a política que convém à construção civil, a indústria que paga os principais partidos portugueses.