A sabedoria popular por vezes entra em guerra consigo própria. Bem vistas as coisas tudo o que sabemos tem o seu quê de sabedoria popular. Recordo hoje dois exemplos que ouvi ou li nas últimas 12 horas e que me recordaram outras duas desmistificações feitas à medida:
A república das Bananas. Como toda a gente sabe é uma coisa ruim que nos transporta mentalmente para um país organizado por algum antepassado nosso num estágio muito primitivo da evolução. Ao afirmarmos viver numa identificamo-nos com os macacos.
A desmistificação: numa concepção meramente utilitarista a banana é um fruto evoluido pois a banana não tem caroço. (Notem que cito a sabedoria popular).
O enterrar a cabeça na areia como a avestruz. António Costa (PS) usou hoje esta metáfora para classificar como medrosos (como é perigosa esta palavra!) os partidos que suportam o executivo, assim como o próprio executivo. Referia-se à congratulação quase efusiva com que os representantes destes partidos receberam as violentas críticas que o PR fez à governação do país. Naturalmente não interpretaram violência alguma, nem sequer a menor crítica ao governo nas palavras do presidente. Dito isto atentemos que António Costa teria estado muito bem se ninguém soubesse que a avestruz de facto não enterra a cabeça na areia.
Se olharmos para a avestruz com atenção poderemos notar que esta está na realidade a encostar o ouvido ao chão para antecipar eventuais perigos que façam vibrar o solo. Uma atitude cautelosa, previdente e potencialmente fulcral para a vida da ave.
Está na altura de imitarmos as bananas renovando as nossas metáforas, apoiando-nos noutro nível da sabedoria popular. Imaginem que havia alguém no PSD que já tivesse observado atentamente uma avestruz? Tínhamos piadola para a abertura do Telejornal e poucos ouviríamos o que disse o PR.