Há dois ou três anos passei uma semana no Luxemburgo, um fim de semana que deu para passear pelo pequeno e bonito país e uma semana de dias úteis para conhecer o ritmo urbano e laboral da capital. Gostei do cenário, gostei do sol que julgo ser muito raro por lá, gostei da companhia (um grupo multinacional), gostei dos portugueses que conheci mas estranhei qualquer coisa. Ao longo da semana sempre que andava pelas ruas da cidade do Luxemburgo fui-me apercebendo de uma incomodidade crescente como se alguma coisa estivesse errada. Julguei que eram umas muito latinas saudades de casa, um assomo de mamismo ou coisa que o valha, mas…
No último dia, fui jantar fora com as colegas portuguesas que integravam o grupo e foi então que nos apercebemos do que se passava, verbalizámos o sentimento que era afinal comum. O elo que faltava foi um riso, um riso tímido mas convicto que ouvimos da mesa ao lado onde jantava um jovem casal luxemburguês.
Naquela semana, o riso, o sorriso, já para não falar da gargalhada ou da prova de afecto em público, estiveram completamente ausentes no exterior do nosso pequeno grupo, ou pelo menos assim pareceu.
Devo ter tido pouca sorte, já estive mais a norte e não confirmei nenhum determinismo geográfico quanto à aparente sizudez cultural dos povos residentes.
Enfim, quanto mais vou lá fora, mais gosto do nosso cantinho, não tenho grandes ilusões quanto ao El Dourado exterior. Há sempre uma troca e, por enquanto, apesar de tudo, vou ficando, convencido e de estar a fazer um bom negócio.