O Crime de ignorar do Migalhas.
Citando…
Todos nós provavelmente já experimentámos a desagradável sensação de que podemos um dia morrer estupidamente. Seja num acidente automóvel que evitámos à última hora, numa pontada de dor no peito, nas imagens de um atentado terrorista. Nesses momentos, alguns de nós, pensámos que não era ainda a hora de morrer. Que tal antecipação era injusta. Faltam-nos ler tantos livros, procurar e atingir objectivos, fazer novos amigos, beijar futuros filhos. Sentimos a ténue linha imprevisível que nos sustenta entre o existir e o deixar de ser. Esse medo, receio, é saudável. Mantém-nos agarrados à vontade de ser, aprender, pensar, crescer, interrogar, afirmar, envelhecer, amar e viver.
Um recente estudo do Instituto Superior de Psicologia Aplicada revela que “Com base num questionário feito a 234 estudantes do ensino secundário da cidade de Lisboa, de ambos os sexos e com idades entre os 15 e os 21 anos, a investigação revela que 48,2 por cento das inquiridas já desejaram estar mortas, enquanto 35,6 por cento pensaram em suicidar-se.
Quanto aos rapazes que pensaram em pôr termo à vida, foram 19,1 por cento, embora já tenham desejado estar mortos 25,3 por cento.”
Andamos preocupados com tudo e, ao mesmo tempo, andamos cegos. Discutimos o terrorismo, a casa pia, o bigbrother (minúsculas propositadas), o M.E.C, o calor, o fogo, as músicas de verão, este blog, aquele blog, o outro blog. Acusamos o umbiguismo, o Prado Coelho e o Luís Delgado. Veneramos uns, atacamos outros, ignoramos muitos. Ignoramos aqueles que nos rodeiam, ignorando assim um grave problema invisível: Aqueles que não vêm nas notícias e acabam por transformar-se numa das notícias mais tristes do nosso país.
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