Depois de uma curva apertada em direcção a Arouca na estrada Castro Daire – Castelo de Paiva:
Eucaliptos e mais eucaliptos, novas sementeiras. Ao longe imaginava vinhas novas, novos socalcos. Os perfumados da Austrália, afinal.
Outra curva apertada sempre subindo até chegar a uma curiosa terra por ter curioso nome: Pirraça:
A TSF vai avisando “as autoridade das Nações Unidas afirmam que Sérgio Vieira de Melo se encontra gravemente ferido”… De imediato lembro-me de Rabin. O baque foi parecido sem dúvida… Se fosse mais velho talvez então me lembrasse também de Sadat… Nem só o terror se alimenta de mártires.
Começa a descida, surgem as ravinas, as pontes mágicas, Arouca:
O que se vê em duas horas? Em Arouca está-se. Não a imaginava repouso dos guerreiros do Porto mas parece ser… Além de ser por si, com gente nos bancos das praças, conversando, mirando os estrangeiros. Cafezando a meio da tarde, passeando no Jardim. Onde se come um bom pão de ló? Mais além, já a sair, diz-nos a simpática funcionária dos correios que nos resolve a urgência que nos manda Lisboa.
Segue-se Castelo de Paiva, o Douro, um pulo a Entre os Rios e uma outra Marginal a juntar a tantas outras até Cinfães. Por fim, o regresso, até ao último sítio do mundo, o último a desaparecer no fim dos tempos, no alto da Serra do Montemuro. O regresso aos enigmas, às siglas misteriosas da Ermida românica do médio Paiva. O regresso à companhia das bogas, das trutas, libelinhas e alfaiates. Que belo Algarve como se entre Lagos e Sagres, sem a dúvida das ondas, com a constância da água entre o granito. Um beijo apaixonado. Uma teimosia em resgatar um momento feliz.