O Adufe cita John Kenneth Galbraith:
“The only function of economic forecasting is to make astrology look respectable.”
E cita muito bem porque só um tolo é que acredita que um sistema complexo como a economia pode ser antecipado. Mas se não pode ser antecipado, então as interferências do estado na economia são irresponsáveis porque as consequências das políticas são imprevisíveis.
Meu caro João, interpreto a frase de JKG mais como um apelo bem humorado ao culto da humildade por parte dos economistas (econometristas) e ao espírito crítico de quem por eles é aconselhado, do que como uma lei empírica que deva tolher por completo a utilidade da tentativa de projecção da realidade económica.
No fundo é o mesmo que dizer: tenhamos cautela com as previsões, olhemos para elas como indicações, como mais uma peça de informação a considerar no conjunto dos dados que levam à tomada de decisão.
É preciso ver que qualquer empresa, e não apenas o Estado, deve fazer um esforço para se projectar no futuro, em fazer previsões sobre si e sobre o meio em que se insere, (e isto também envolve economic forecast!) para melhor preparar decisões estratégicas.
Olhemos para as previsões mas não as levemos demasiado a sério, não façamos depender a nossa reputação e as nossas políticas da absoluta precisão das mesmas. As consequências que o João extrai são na minha modesta opinião excessivas e claramente enviesadas. Uma engraçada provocação 🙂
Uma área onde o João Miranda deve estar mais próximo da razão (apesar de haver ainda uma acessa discussão e muita matemática a palpitar) é na previsão dos mercados financeiros: demasiadas vezes a melhor previsão é um belo de passeio aleatório. It’s an “arch“ question to deal with! 😉
Como perguntava outro economista que cito de cor: se os analistas financeiros são tão bons a prever a evolução das cotações porque raio é que não são todos multimilionários?