Com o que a Alemanha quer ou está disposta a querer hoje: sem união bancária digna desse nome; sem banco central com os poderes clássicos completos; sem qualquer mecanismo de reação multilateral credível a crises típicas ou atípicas; sem qualquer vislumbre de um regresso a uma Europa das Nações (onde a Alemanha voltar a ser um entre 28) e com a progressiva conversão numa Europa de demonstrações financeiras, onde a política do cidadão se resume à fronteira local; com simpatia crescente por derivas pouco amigáveis para com a livre circulação de pessoas, etc, etc , a União Monetária e Europeia resistem quanto tempo (“mesmo” com todos a seguir o novo Hollande)?
Eu não faço ideia, mas desconfio que não dura muitos anos tempo. É que se a solução única se prova que não gera um futuro desejável ou um equilíbrio sustentável no espaço da União, é legítimo e expectável que muitos resolvam genuinamente procurar soluções em outros protagonistas além dos que, ou defendem a solução única, ou a encaram como uma fatalidade no exato momento em que assumem o poder, sem acrescentar qualquer agenda consciente desta ameaça.
Mas se calhar sou eu que estou a ver mal. Se até o Hollande agora é pela austeridade, é porque a austeridade em toda a linha é o caminho único. Oremos.