“Olha Rui está a dar o direito de antena na rádio. Esta é única forma de ouvirmos os pequeninos” – disse-me ela com falso entusiasmo.
E ouvimos uns quantos: os fascistas do PNR, os comunas da CDU, os Monárquicos do PPM, os rappers da coligação Força Portugal (e eu à espera que o seu tempo de antena fosse um relato de futebol)… Momentos depois, por um instante, pareceu-me ouvir um grito de revolta, de crítica atroz à campanha eleitoral com uma interrupção da emissão para alguém acusar: “Pela sua saúde! Este é um movimento doente!”.
Afinal, o bolo alimentar que me escorregava pela goela distorceu-me a audição, dizia-se de facto: “Pela sua saúde: vote no Movimento pelo Doente”…
Moral da história: ao almoço, abrir a porta da cozinha e ficar a ouvir os pardais que depenicam na figueira do quintal vizinho. Pela minha saúde. Pela nossa saúde.