I
A forma como se fazem as guerras e o sucesso quanto aos seus objectivos fundadores não se mede com a ocupação de um país. Já Maquiavel e outros antes dele nos ofereceram conselhos sábios quanto a conquistas e rumos para preservar o poder controlando o inimigo. Todos os erros possíveis foram cometidos no Iraque, e agora, finalmente, começam a engrossar fileiras os que reconhecem o logro em que caíram. Mas são ainda poucos, e não se demoveram ainda os mandantes. Correm aliás o risco de fechar funções com erros ainda maiores, sempre muito apropriados a visões simplistas do relacionamento entre os Homens.
Lê-se nos media que estamos agora mais perto de perder a guerra.
Al-Qaeda mais forte do que nunca (TSF)
O número de vítimas que não sabem ainda o seu destino estará a aumentar inexoravelmente. A causalidade antes difusa apresenta-se pateticamente evidente. É agora mais difícil perceber que o mundo é cinzento e que é por trilhos mal iluminados que conseguiremos conter o cancro.
O combate terá que se fazer de outra forma e com outros protagonistas. Nem com a cruzada de Bush (em busca do saque e no cumprimento de uma Missão), nem com o voluntarismo cristão(?) de Soares com o seu diálogo com o terrorista.
Fulanizando, as esperanças voltam-se cada vez mais para John Kerry nos EUA, mas ainda tarda Novembro. Ao mesmo tempo exige-se também cada vez mais (e melhor) actuação política da União Europeia e do todos os restante blocos e países do mundo.
A união sempre foi o único meio mas não faz por si o percurso contrariamente ao que, nos últimos meses, auto-investidos senhores do bom caminho nos fizeram crer. Sempre foi condição necessária mas nunca suficiente.
O mal não é evidente, apenas o seu processo de disseminação começa a parecer-nos intuitivamente simples.
Como disse, quem só viu o preto e o branco no passado não tem olhos para definir nem capacidade para percorrer o tortuoso e traiçoeiro caminho da pacificação.
Sair do Iraque a toda a velocidade seria uma catástrofe, continuar por lá nos moldes de hoje também (talvez por aqui como nos recomendou o Paulo – Marina Ottaway).
(continua)