Imagem estilizada de um cravo disponÃvel na página do Instituto Camões

A propósito do desafio que aqui deixei ontem e que se manterá em recolha de reflexões até muito próximo do dia 25 de Abril, agradeço as referências (descobertas via espião da blogoesfera) do Miguel (Viva Espanha) e do Paulo Gorjão (Bloguítica). O Miguel contribui mesmo com a sua proposta de ponto prévio à discussão. A ler na íntegra aqui.

Alguns excertos:
O Adufe incita a uma reflexão sobre o pós 25 de Abril. O convite explicita que não se concentrem as atenções sobre a data concreta do 25 de Abril de 1974 e que se aborde sobretudo as suas consequências. A ideia é óptima, mas não vejo como é que se pode separar uma coisa da outra.

(…)
O país que somos hoje não é inteligível sem se analisar o país que temos sido nas últimas décadas, incluindo o período ditatorial. O Portugal do pós 25 de Abril ainda alberga muitas das lógicas nascidas e acarinhadas pelo Estado Novo. A pequenez, a falta de ambição, o conformismo, a preguiça empreendedora e outras características nefandas não nasceram de geração espontânea. Foram cuidadosamente implantadas e potenciadas pelo modelo social Salazarista
(…)
O Portugal de 2004 tem tantas limitações que é difícil enunciá-las, mesmo que superficialmente, sem cometer a injustiça de deixar algumas das mais significativas de fora. Ainda assim, cada dia que passa desde Abril de 74 é um dia melhor do que os que o antecederam. O que houve de bom nestes 30 anos de democracia? A resposta encontra-se na própria pergunta do Adufe. É a democracia, a liberdade de exercer os direitos com autonomia e responsabilidade. Essa liberdade, esses direitos, essa democracia, que só foram consagrados na madrugada do dia 25 de Abril de 1974.
Mesmo que o desejo manifesto não seja o de branquear o período ditatorial, certos jogos de palavras, certos raciocínios rápidos, têm como consequência a banalização das mudanças. Falemos do que Abril cumpriu, falemos do que Abril não cumpriu, falemos dos vícios e das virtudes. Mas não se banalize a liberdade e a falta dela. Não se banalize a importância das diferenças, sob pena de se banalizar as conquistas e o esforço dos que as alcançaram.

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