Entretanto, no PS, nem todos são iguais, no melhor dos sentidos.
Os próximos anos prometem ser interessantes e muito importantes para o PS e para o país.
O pior que pode acontecer é a fase positiva do ciclo económico e o conforto do poder abafar as decisões e opções fundamentais que o PS terá de tomar se deseja continuar a ser (e de preferível em melhor) um dos partidos cruciais do país nos próximos 45 anos.
É preciso mais inquietação, mais ambição, mais conflito criativo, mais saber, mais inteligência, mais coragem para não oferecer de bandeja a outros aquelas que foram sempre bandeiras e eleitorados históricos da social democracia.
No fundo, é preciso um maior alinhamento entre o que se faz, quer fazer e o que são os anseios de quem vota, de facto e se rêve e quer rever em quem elege.
Nada contra a que o pragmatismo seja um instrumento para ajudar a cumprir um ideário, tudo contra se ele se converter “apenas” num veículo de manter o poder.
Não nos iludamos, o poder une, mas dentro do PS, estamos longe de nos poder dar ao luxo de poder prescindir da discussão, do debate sobre o futuro e sobre o caminho que o partido deve percorrer.
E não é dentro do PS, cada vez mais tem de se assumir a discussão aberta a todos, o mais clara e cristalina possível, no espaço público. Seja porque o próprio partido está envelhecido, tolhido por anacronismos orgânicos, seja porque há hoje outras formas de chegar a quem vota e se interessa pela política que não existiam há bem poucos anos.
Precisamos alimentar a eterna conversa entre cidadãos emancipados, sem figuras providênciais, sem tutelas absolutas, sem excessiva observância às elites, com toda a humildade e atrevimento e uma imensa curiosidade sobre o mundo que nos rodeia.