Ontem fui à minha 1ª reunião de militantes na secção a que pertenço – assembleia geral de militantes – que contou com a presença de dois convidados, o presidente da concelhia Duarte Cordeiro e um dos membros do órgão máximo do PS (secretariado nacional) responsável pela Economia – Eurico Dias. Pela terceira vez desde que me fiz militante há cerca de um ano fiquei positivamente surpreendido com a franqueza, disponibilidade e cultura política com que se realizou o debate que versou de forma genérica sobre a atual situação política e económica do país e da Europa, abordando também o papel presente e futuro do PS. Do que me é possível conhecer da realidade, do mais terra a terra ao mais intelectual, naquela reunião foi evidente que o PS ainda consegue ter no seu seio quem seja capaz de transmitir os anseios e preocupações populares mas também revela ter recursos e disponibilidade dos cidadãos que insistem em ser militantes nesta época de diabolização persistente da participação política.
A consciência das dificuldades é plena, a consciência de que o que une é muito mais do que separa politicamente as várias sensibilidades representadas no PS é clara. Creio que todos sairam da reunião mais esclarecidos, melhor preparados para ajudar a comunidade e atuar politicamente desde logo na próxima campanha eleitoral. Iniciar uma reunião às 21 horas e terminá-la já depois da 1 da manhã a meio de uma semana de trabalho por pura dedicação à causa pública onde o fundamental da noite se passou a identificar barreiras, dificuldades, a discutir prioridades e a perspetivar forma de resolver as provações e de atingir os objetivos é uma prova de vitalidade e de responsabilidade cívica. Para mim teria sido uma das notícias do dia ao nível do homem que mordeu o cão, tal a improbabilidade do evento para qualquer cidadão que apenas conheça o que se passa nos partidos do que vê num qualquer telejornal.
Parabéns aos organizadores, aos que estiveram presentes e… aos que hão-de estar quando perceberem que não é altura de ficar no sofá a dizer que são todos iguais ou que fulano ou sicrano que lideram os partidos não lhes enche as medidas. Parabéns a esses que hão-de acabar por entrar nos partidos, conscientes de que sem participar ativamente à medida das disponibilidades de cada um, sem exercer cada competência e responsabilidade de que gozamos em democracia, não podemos esperar melhorar a gestão da coisa pública e garantir um melhor nível de bem estar.
Parabéns aos que votam mas também aos que perceberão que o voto de 4 em 4 anos não é bastante para uma pessoa se sentir um democrata e um cidadão pleno. E pelo que vejo, este não é um tempo em que queiramos partidos fragilizados, mas antes um tempo em que temos de reformar as competências, a vitalidade e a qualidade da participação política que compete aos partidos. Creio mesmo que serão anos críticos estes, sem paralelo nos últimos 30 anos.
Do cimo da minha cadeirinha, parece-me que não haverá melhor hora para que haja mais gente que se ponha a caminho. Sai literalmente muito caro ficar apenas a resmungar.