Escreve Vital Moreira:

"Os que defendem o referendo sobre o Tratado de Lisboa já experimentaram lê-lo? E acham que algum cidadão comum consegue passar da segunda página?
Não será tempo de deixar de brincar aos referendos?"

E eu pergunto-lhe: a constituição europeia que tantos partidos e políticos garantiram vir a referendar, era mais clara e menos extensa que o Tratado de Lisboa?

Ou ainda outra pergunta que me assalta: 

Porque é que de uma ideia de construção simbólica na forma de uma constituição com que nos pudessemos identificar (tipicamente um documento singelo) se optou por vários tomos legalistas tanto na versão final da Constituição como deste tratado? 

Escaravelhos

Para cúmulo serve essa complexidade agora de pretexto para desvalorizar e ridicularizar o exercício político por via referendária. 

O caminho que cegamente se trilha levará invariavelmente a um "Fiquem lá com a Europa que nós vamos por outro lado." 

Outra pergunta procurando ser mais linear se possível:

Com o actual enquadramento histório e constitucional, quando e como é que alguma vez nos pronunciaremos directamente sobre o compromisso europeu? Quando teremos oportunidade de, sem mais ruído, votar directamente no espírito europeu? É triste mas chegámos a um ponto em que a pergunta concreta pouco importa, importa perguntar e responder. A pergunta já todos a temos na cabeça desde meados dos anos 70, se tivermos idade para isso, ou desde meados dos anos 80, ou mesmo desde meados dos anos 90. Nunca foi oportuno, nunca foi relevante, porquê?

Os compromissos assumidos recentemente por quase todas as forças partidárias cavalgaram a sensação de parte da população em querer exercer o voto, reforçar (ou recusar) a identificação com o projecto europeu. Hoje surgem no horizonte com crescente frequência, perdoe-me a franqueza, disparates disfarçados de paternalismo como o que Vital Moreira produziu.

Haja referendo porque SIM é cada vez mais uma excelente razão. Tão boa como porque NÃO. Legítimas e importantíssimas (via OdE). Não dá para perceber isso? 

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