Multiplicar o tipo de apoios às famílias mais carenciadas não é o mesmo que promover políticas de apoio à natalidade.
Apoiar as 90 mil famílias com menores rendimentos não pode ser confundido com apoiar a classe média. Uma pergunta muito concreta: quantas destas famílias estão a receber ou são elegíveis para o Rendimento Social de Reinserção?
Dentro de algum tempo, se estas medidas tiverem melhor sorte que outras que foram apenas anunciadas, ficaremos a saber os detalhes das medidas hoje apresentadas pelo primeiro-ministro. Mas para já, meter a preocupação em apoiar a "Classe Média" com filhos pequenos na mesma frase em que se anuncia um apoio que se adivinha absolutamente simbólico para a maioria das famílias de um universo máximo de 90 mil, foi muito infeliz, só justificável pelo cansaço ou por uma fraca crença na inteligência de quem o ouve.
Mais valia assumir de caras que não há dinheiro (e/ou vontade) para apoiar financeiramente de forma directa as famílias com o fito de estimular a natalidade. A ideia que fica é a de muito pouco ganho duradouro em troca de duas ou três manchetes de circunstância que aliás, muito provavelmente, terão retorno negativo quando do esmiuçamento das medidas.
Fraca jogada política a meu ver. Sublinhar o que está previsto para o apoio à primeira infância em termos de infraestruturas (com o alargamento da rede de creches públicas) parecer-me-ia bem mais útil e honesto. Ah! Mas já não seria novidade…