O Paulo Querido opina com propriedade sobre o estado da governação em "Cavaco e Sócrates: outras semelhanças". A diferença face ao que aqui escrevi são meros detalhes, a ler:
"(…) Eu dou para o peditório da “asfixia democrática” por razões parecidas com as que Vital Moreira aponta — mas considero este um momento charneira para quem governa. Por enquanto é a clique “classe média com instrução” (5 a 10 % dos eleitores) a mostrar-se indignada, mas se não curarem a Sócrates os ritos de rigidez, o copo enche até às classes médias remediadas, ao operariado (”serviçariado” fica horrível – mas como descrever a mole humana que vive de biscates a meter dados onde calha, com 600 e 500 euros de soldo?, quantos andam nisso há dez anos?) e ao lumpen e pum, adeus maioria. E adeus oportunidade de recompor um pouco o país depois do ciclone “social-democrata” de Barroso-Lopes. Como Cavaco, eu não perdoarei a Sócrates — e sabem os deuses de todos os quadrantes como eu nunca imaginei escrever uma tal frase!"