" Duvido que o primeiro-ministro ainda tenha muito tempo para ler jornais. Mas há seguramente quem o faça por ele. Peço, assim, a quem faz o ‘clipping’ de José Sócrates que lhe leve este recado meu: e que tal escolher o Aeroporto da Ota para o próximo debate mensal no Parlamento?
Não faço esta sugestão por andar a reboque do PSD que, de repente, percebeu que para se fazer um aeroporto é preciso movimentar uns quantos metros cúbicos de terra e arriscar com projectos de engenharia de ponta. Faço-a porque em vez dos habituais temas vagos devíamos descer ao concreto. Conseguia-se duas coisas: que a Oposição não passe uma tarde a falar de alhos enquanto Sócrates fala de bugalhos e que o primeiro-ministro dê algumas respostas concretas, sobre um caso concreto e com custos muito concretos. (…)"
Ricardo Costa no Diário Económico.
Eu acrescentou: caro José Sócrates, esta questão não vai embora. Se não a enfrenta com informação capaz de convencer mais uns quantos portugueses, vai-lhe minar sucessivamente o "capital político" de forma perene e inexorável, a um ritmo difícil de prever. Eu sei que você sabe que até lhe daria jeito reduzir a questão a uma simples e corriqueira troca de galhardetes entre políticos do bloco central (o PSD até está a dar uma ajudinha), mas a malta está a ficar esperta e mais exigente além de genuinamente descrente dos bons propósitos e da bondade da decisão. O ponto em que estamos é este: mas como é que é possível alguém achar que é bom para o país fazer o Aeroporto ali, com aquele custo e com aquele prazo de validade? Um não aeroporto feito não é melhor que aeroporto nenhum e é muito pior que um bom aeroporto atrasado.