O Mário acerca da explosão de comentários no The Old Man nos posts da novela porno-erótica: “nada como o sexo para choverem comentários” e acrescentou “A vontade de participação só se verifica nos assuntos em que todos acham que fica bem mandar uma boca sem perigo de lhes chamarem a atenção. De resto dão uma vista de olhos e passam à frente.”
Apesar de achar que na blogoesfera – mais do que fora dela – vai sendo possível de quando em vez ter uma surpresa positiva nessa área ocorreu-me uma outra “questão” pessoal que acho relacionada com esta matéria.
Lá fora – no resto do mundo real – devemos inibir-nos ainda mais do que aqui.
[Ah! Que falta nos faz aqui o Socioblogue para uma conversa mais informada e artilhada! ]
É extremamente difícil numa vidinha regular, normalzinha, rotineira, conseguir meter uma bucha sobre algo não estritamente fútil ou consensual com um mínimo de profundidade, de inquietação. Partilhar uma inquietação é extramente complicado… Vão-me salvando alguns poucos amigos e o blogue. Mesmo assim – e é aqui que quero chegar – no meu cinzentismo de pacato cidadão deparo frequentemente com a estupefacção alheia – não é menos do que isso – quando resolvo confrontar alguns desses companheiros de vidinha. Mesmo quando recorro à tentativa de conciliação pouco artística e muito básica em jeito “vamos lá rir-nos de nós próprios” reparo frequentemente em suspeitas de desequilíbrio mental dirigidas à minha pessoa, ou então avisos de que estou pisando perigosos riscos ao me comprometer com um pensamento! Heranças da ditadura? Prenuncio dos tempos vindouros? Sinal destes tempos? Por que caminho anda a liberdade? Que uso damos aos neurónios e aos minutos que temos nesta terrinha? Enfim, pergunta estafadas… E sempre pertinentes.
Deixem-me recentrar a questão de novo: o blogue.
Senti há dias um prazer que não suspeitava andar por aqui à espreita quando um conhecido-candidato-a-amigo descobriu o Adufe. À medida que ia vasculhando os arquivos o tipo gaguejava, perdia o discurso… Por minha culpa e dele colara-me a uma certa imagem e modo de ver e encarrar a vidinha que nunca por nunca o levaria a imaginar-me nestes propósitos interactivos e muito menos nesta actividade para-secreta de alimentar um blogue há mais de um ano, quase todos os dias… E ainda para mais discutindo uma espécie de política a maioria das vezes!
Este meu conhecido-candidato-a-amigo provavelmente deixou de se olhar ao espelho quando me vê. E devia ser disso que eu andava/ando a tentar fugir. Talvez dai o prazer… Percebi-lhe na face a perfeita estupefacção e uma interrogação “Mas o tipo até parece uma pessoa normal!” Se num primeiro momento tentei minimizar-lhe a angústia… a conversa terminou comigo a ser muito mauzinho. Só me faltou esticar o indicador e brandi-lo contra os males do mundo. Teria ele fugido a sete pés?
Ainda ando a tirar lições destes encontros imediatos comigo mesmo que a espaços vou experimentando, mas ninguém me tira o gozo. A busca continua!