Muito provavelmente não poderei ir (também) à manif de hoje – lembram-se do dentista que adiou a consulta para poder ir ver o jogo? Pois…
Há risco de manipulação? De quem? E para quê? Gostei de ver gente que não tinha absolutamente nada a ver com a extrema passar por Belém no Domingo. Foi o aspecto mais significativo que passou pelos media. Algumas pessoas entrevistadas mostraram a sua indignação perante a hipótese de não haver eleições e de verem Pedro Santana Lopes a caminhar para São Bento. O discurso delas não era o dos “profissionais” do PC, nem do Bloco. Eram muita “gente” junta. E aqui que ninguém nos houve acho que esta imagem passou e chegou onde se queria (onde eu, manipulador, queria), que não necessariamente a Belém. Alguém anda neste momento claramente em limitação da avarias e tenho cá para mim que a “singela” manif ajudou um grão de areia, ao menos.
Por outro lado, não me parece que a manif tenham um décimo da ofensividade para com o PR que têm tido as manchetes dos media, com os seus cenários, designação de ministros e afins, por exemplo. A manif tem ainda outra efeito “curioso”: pôr os media a olhar para Sampaio, é dele que se espera a solução, não de qualquer outro local.
Como já aqui escrevi, gostei do ponto de ordem feito por Jorge Sampaio, inspirou-nos confiança numa solução não-palaciana e deu-nos alguma esperança de que fará acima de tudo uma interpretação política da situação como lhe compete a meio de uma legislatura.
Mas, dito isto, não me choca nada que se escolham os jardins de Belém para exteriorizarmos a emoção e a vontade que sentimos em muito justificadamente pedirmos eleições antecipadas. Havendo serenidade, parece-me um bom exercício, uma boa catarse, tanto mais eficaz quanto mais genuína. Não é o meio que faz o populismo…

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