Nenhum governo democrático está livre de ter de pedir desculpas por crimes praticados pelas suas forças militares sobre prisioneiros de guerra. A forma como tratar dessa evidência, além dos pedidos de desculpas já apresentados, será também uma forma de demonstrar por que leis e princípios se rege o estado de direito democrático. Dito isto lembremo-nos nesta altura de uma agravante muito concreta que recai sobre o governo dos EUA e da Grã-Bretanha (e também sobre todos os que pelo silêncio pactuam como o nosso). Lembro-me de Guatanamo.
Há um exemplo, desencadeado e mantido por esses mesmos governos que agora lamentam o terror ilegal, que continua por classificar na hierarquia dos horrores de Estado praticados pela Humanidade. Muito poucos saberão exactamente o que se passou e passa em Guantanamo, mas do pouco que sabemos (e até por isso mesmo) temo-lo como um muito mau exemplo a dar às tropas e restantes população do que é aceitável fazer-se ao inimigo em tempo de guerra.
Quem dá exemplos destes pode pedir desculpas e investir-se de autoridade para julgar estes outros soldados sádicos? Em defesa das elementares normas de higiene e da credibilidade e sustentabilidade dos padrões civilizacionais que defendemos, há toda a conveniência em limpar a casa. Urgentemente.