Diz-nos o CAA no Blasfémias: “As vítimas que morrem nos autocarros em Jerusalém, os que explodiram nos seus escritórios nas torres gémeas e os que foram massacrados hoje, em Madrid, quando se dirigiam ao trabalho, são os mesmos.
Os assassinos são os mesmos, também!
(…)
E esta guerra não pode ter quartel, nem cedências, nem contemporizações.”

Eu acrescento: Nem soluções padronizadas.

Demasiados desprezam com excessiva rapidez outras formas de luta que não a guerra (a bélica, a das armas) como resposta ao terror. Demasiados vêm apenas uma guerra de uma única batalha. Haja inteligência e perfeita noção de qual é o objectivo, a cada momento.
Não simpatizo com absolutamente nenhum movimento do mundo que use o terrorismo como instrumento político. Quem preza a sua liberdade não o pode fazer. No entanto, nem todo o terrorismo tem a mesma origem, as mesmas causas e há causas, motivos, interesses!
O terrorismo surge geralmente como método, como instrumento. Não se combatem instrumentos sem fazer o esforço de identificar o que poderá haver de inteligível na sua génese e sem perceber precisamente quais as consequências que visa. Sabido isto, há que enfrentá-lo, seja pelas armas, ou por outra forma de lhe pôr um fim que se julgue eficaz, seja por recusar que cumpra o seu propósito, que passa sempre, sempre, por nos convidar a abraçar a sua linguagem. A ver tudo e todos a preto e branco, a não admitir a diferença, a não aceitar a crítica, a abominar a liberdade. Sem esta acareação entre um “porquêâ€? e um “como nãoâ€?, só por sorte venceremos. Sem perguntas não teremos soluções.

Não simplifiquemos. A única simplificação reside na dor e no sofrimento que é comum. Não se confunda a nossa inalienável determinação de combater a barbárie com a cobardia e, tantas vezes, a estupidez de desatar aos tiros contra tudo o que mexe, contra tudo o que tememos.
Seja esse tudo a religião, a cor da pele, a aspereza das palavras.
Que a impotência chocante perante o horror não nos leve pelo mais insuspeitos dos caminhos em direcção ao próprio terrorismo.

Discover more from Adufe.net

Subscribe now to keep reading and get access to the full archive.

Continue reading