As opiniões expressas neste blogue vinculam-me apenas a mim, pessoal e individualmente no estrito cumprimento dos meus direitos de cidadania. Como sempre.

Aos iniciados e interessados em economia e análise de conjuntura, recomendo que comparem as notícias de hoje no Diário de Negócios, digo, Diário Económico, e no Jornal de Negócios sobre os indicadores de confiança do INE que aqui referi ontem.

O Jornal de Negócios perante um erro da Comissão Europeia – foi mais uma precipitação do que um erro – verificou que no prazo de menos de uma semana estaria a dizer uma coisa logo seguida do seu exacto oposto (facto que se tornou evidente assim que se souberam os números do INE). Perante isto, o JN respeitou os seus leitores, explicou o que se passava e analisou os dados como até aqui.
No Diário Económico, confrontados com o mesmo problema, não desmentiram a notícia baseada nos dados da Comissão, apresentaram gráficos em escalas hilariantes e distorceram a informação directamente passando a analisar os dados do sector dos Serviços em cadeia quando tipicamente o vinham fazendo em termos homólogos tal como o INE (descubram lá porquê).

Nota: A análise homóloga justifica-se nos Serviços devido à impossibilidade de se corrigir a sazonalidade com segurança numa série ainda com menos de três anos de dados mensais.

Por outro lado, distorcem a informação indirectamente ao contradizerem os dados recolhidos junto dos consumidores com uma citação de Teresa Gil Pinheiro com este calibre de cientificidade económica: “apesar de pessimistas [os consumidores], entra-se numa loja e estão todos a comprar”.
A opinião vincula a economista que a proferiu? Sim, evidentemente. Mas também vincula quem a achou razoável para divulgação, para calibrar o nível de confiança dos portugueses.

Assim sendo pergunto, para quê gastar dinheiro do erário público a fazer inquéritos?
Ou será que estes não prestam? Se assim for, todos agradecemos que o DE e outros especialistas apresente as lacunas e exijam os meios adequados por forma a pressionar o INE (onde trabalho) e a tutela a melhorarem a qualidade da informação. Mas convenhamos que é consideração de menos centrar tal crítica num “entra-se numa loja e estão todos a comprar”.

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