Nuno (a propósito do teu comentário mais abaixo e do teu texto aqui) digo-te que já estive mais próximo da tua oponião. Agora, após mais uma série demasiado conveniente de coincidências, tenho medo de estar a cometer um erro grave se seguir esse raciocínio (“Por muito que me custe dizer isto, as eventuais campanhas orquestradas estão a surtir efeito, o PS precisa de outros rostos…“).
Por acaso reparaste nas últimas imagens que conseguimos ver no debate quando os bonecos já tinham os microfones desligados?
Eu vi Ferro Rodrigues a falar com a Judite de Sousa e esta a mostrar-lhe o seu relógio e a apontar para os ponteiros justificando-se. Desconfio que o que se passou na entrevista não foi exactamente o que teria sido acordado.
O que poderia fazer FRodrigues? Talvez recusar-se responder a mais do que duas ou três perguntas sobre a Casa Pia como sugere o Paulo, mas mesmo assim seria alvo fácil para a crítica violenta. Gostei que tivesse enfrentado em entrevista, da forma como o fez (e que descrevi dois textos abaixo) as perguntas e o estilo da jornalista que reflectem boa parte daquilo que se tem passado nos media ao longo dos últimos meses.
A mudança de rostos:
Que garantias é que tens de que a mudança das pessoas à frente do PS vai mudar alguma coisa nos media? E mesmo que tenhas essa forte esperança é assim tão linear que o que ganhamos é mais do que aquilo que se perde? A curto prazo ganhariamos maior à vontade para o PS nos media, a médio prazo poderiamos perder tudo para o populismo. Quem controla as manchetes deve controlar os dirigentes políticos e a agenda política em absoluto? A que custo de fará essa mudança? Que motivos além da pressão mediática, que motivos objectivos é que existem para Ferro Rodrigues sair? Perante o maior ataque mediático a um partido de que tenho memória, onde o discurso político está completamente ausente há meses, acho que temos de desculpar um pouco mais do que é habitual em matéria de erros quanto à pose de Estado do PS. A única prova que tivemos nos últimos meses é que não há super-herois no PS.
Se o erro maior de Ferro Rodrigues, agora que foi religitimado, for o critério editorial dos media entramos num admirável mundo novo neste país.
Numa coisa estamos de acordo, acho que é aceitável, compreensível e desejável, após a entrevista de ontem, que terminou perante o País o tal período de reflexão pessoal, que Ferro Rodrigues se recuse a discutir mais o assunto seguindo a linha que praticou quanto ao caso Correio da Manhã.
Digo isto sem grandes ilusões de que mesmo assim o massacre mediático deverá continuar. O objectivo dos media continuará assim a ser tentar provocar uma reacção, alimentar a novela. A nossa angústia enquanto cidadãos está garantida por mais algum tempo com o sem Ferro Rodrigues na liderança do PS.
Nota de roda pé: será que a questão Iraque/GNR antecipará a vitimização de Durão Barroso pela máquina populista que ele se recusa a criticar por tacticismo político? Adianto desde já que a máquina nunca o fará de forma tão evidente se tal como ontem Ferro Rodrigues limitar essa acção ao demonstrar nas suas últimas palavras que consegue ter uma percepção mais abrangente do que é e deve ser estar na política ao serviço do País.