Floresta da Serra da Estrela, NaturlinkEm resposta às críticas e sugestões que João Vaz aqui trouxe ontem à Sociedade Ponto Verde (SPV), Henrique Agostinho da SPV enviou uma resposta (que o vincula só a ele não à SPV).

Caro João, bom regresso!

Comentários:
Os ecopontos estão sujos e porcos e cheios – Verdade! Devia haver forma de controlar, reclamar e impor nível de serviço. Se os estudos indicam que os ecopontos são a melhor solução para a generalidade dos casos e ainda por cima foi esse o investimento feito, então que os ecopontos funcionem bem é o mínimo que se pode exigir. Estou solidário com essa reclamação, não estou solidário com a generalização dessa reclamação a todos os ecopontos ou com a sua utilização como desculpa para não reciclar.
Mas de facto: Faz falta uma garantia do nível de serviço nos ecopontos.O porta a porta é uma questão menos prática, os seus méritos prováveis e ainda não provados têm a desvantagem de vir tarde, a decisão de fazer a recolha selectiva via ecopontos foi tomada há alguns anos, os equipamentos comprados e instalados, pelo que enquanto não houver indicação clara que a mudança de método compensa a preocupação passará por fazer os ecopontos funcionar bem. Parece lógico?!



Os portugueses são preguiçosos – Verdade! Mas não é verdade que isso é razão para esmorecer. Há que converter, contornar essa preguiça, e consegue-se. É defeito profissional meu fazer caracterizações simplistas das populações, o que não implica que essa esteriotipização se constitua em obstáculo. Se trabalhasse na DSD (Ponto verde alemão) diria “os alemães são ordeiros” e pronto, decidia-se então que a comunicação deveria constituir-se de ordens e factos. Em Portugal o diagnostico é diferente a mensagem é diferente. Temos de apelar a outros valores, ao orgulho (pretensão/exibicionismo) à pertença (recriminação) à família (filhos), faz-se. É capaz de ter resultados mais lentos, ou mais inconsistentes, mas por outro lado os resultados tendem a perdurar por mais tempo.

O financiamento da incineração – É mentira!
A quercus “obteve” um documento de estudo onde se projecta uma série de coisas. Essas coisas implicam questões em aberto como a incineração (que está prevista na lei e para a qual a SPV tem metas)!
A quercus é contra a incineração e acha que a lei está errada, mas a SPV tem uma licença e obedece aos termos da licença. O fundamentalismo da quercus cegou-os e o seu trabalho de espionagem ficou miope.
O que se passa:
– A lei prevê a incineração e metas para a valorização. O tribunal europeu acha que não é bem assim, mas esse acórdão não foi passado à pratica em Portugal e provavelmente nunca será (o estado português gastou uns 60 milhões de contos em incineradoras, tal como fizeram outros países, não estou a ver tanta gente a esquecer tanto dinheiro).
– A SPV tem de cumprir as metas para a valorização, e para o fazer tem de contabilizar quanto é valorizado e contabilizar residuos dá trabalho e o trabalho custa dinheiro e o que a consultora fez foi contabilizar quanto custaria registar as quantidades que vão para a incineradora. A conclusão é que custa uma ninharia sem significância (um décimo do que diz a quercus).
– A SPV nunca empregou nem um tusto em incineração, o que não quer dizer que não deve perguntar-se quanto custaria e quais as implicações. Ao contrário da quercus, a SPV faz as contas para tomar decisões.
– O dinheiro não é desviado de sítio nenhum, primeiro porque não foi gasto, é tudo especulativo e em segundo porque o dinheiro não é “da reciclagem”. A licença da SPV é para cumprir as metas de “valorização” entre as quais está valorização energética. Se temos essa obrigação cumprimos essa obrigação. Felizmente, até agora, isso custou zero, mas quanto poderia vir a custar? Ninguém sabia, agora sabemos.
– A incineração nunca será feita com material da recolha selectiva! Quem é que disse que as embalagens vão dos ecopontos para a lareira? Se é tão caro recolher em ecopontos faz algum sentido mandar a recolha para a lareira? Haverá por ventura falta de coisas (lixo indiferenciado) para mandar para a lareira? Essa acusação (que também foi feita pela quercus) é completamente nonsense.
Em resumo, foi mais um pseudo-escandalo na fogueira das vaidades da quercus, que convencidos que são o cão de caça do ambiente, andam a caçar-fantasmas nas empresas.

– Incineração – O que será pior? Queimar petróleo directamente numa central térmica ou fazer plástico e depois queimá-lo? O plástico é menos de 2% de todo o petróleo que se consome, importa se é queimado ou não?
Um e picos por cento? A variação diária do consumo de crude é mais do que isso! O que será pior? Fazer aterros ou queimar o que de outra forma também seria queimado? É que o consumo de energia está lá. A incineração de RSU afigura-se-me como um mal necessário para o qual não é necessário mais investimento, mas o que sei eu do grande plano do lixo? Eu ainda ando à caça de como fazer as pessoas separar o lixo!
– Incentivo à separação – Aceitam-se sugestões para que outro motivo haveria para as pessoas fazerem a separação que não fosse o bem comum!

Um abraço
Henrique

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