Hoje de madrugada antes de saber o que se decidia no Largo do Rato escrevi ali em baixo estas palavras:
“(…) Como é que com os obscuros ataques em presença, Ferro Rodrigues poderá conduzir o partido por entre acusação, instrução, julgamentos, recursos, violações de segredos e ainda assim conseguir apresentar aos portugueses a evidência que o discurso e as soluções fatalistas do actual governo não passam de terrorismo político? (…) Isto é humanamente realizável no meio desta guerra? Eu gostava que fosse (é sempre bom assistir a vitórias românticas, a uma grande vitória da democracia), mas (atendendo até ao facto de não gostar do desempenho global do PS na oposição) prefiro não pagar para ver.”
Naturalmente, não é a mim que me compete pagar para ver. Quem o devia fazer fê-lo ontem e salvo três insignificante excepções (não se ofendam que não vale a pena) o PS, no órgão competente para o efeito, resolveu pagar para ver.
Assumiu as duas guerras afirmando que o esforço futuro terá de ser o de reforçar a componente de oposição ao governo que diagnosticou como tendo estado descurada – foi esta a interpretação que fiz das palavras que ouvi na rádio. Optou-se pela união com a actual liderança aceitando reparos e assumindo erros recentes. Criando um “fresh start” psicológico. Agradeçam ao Carrilho por isso. Digam o que disseram continuo a achar que fazem falta tipos como ele em qualquer partido, mesmo que corresponda ao perfil que MST traçou no artigo que transcrevi duas entradas a baixo. Não se fazem é partidos só com “Carrilhos” mas isso já é outra história.
Afirmei que preferia não pagar para ver porque não tinha/tenho fé que dure esta aliança, não acredito em aliança fortes e duradouras que permitam sustentar o barco na longa tempestade que se avizinha (disse longa e só não será se as suspeitas do Aviz…). Mas não era a mim que competia apostar ou não como disse. A aposta está feita.
Tenho que acreditar que o PS me irá surpreender pela positiva, que é, de facto, um partido de ideais e de idealistas, de camaradas que ao menos perante tamanha ameaça estão unidos, genuinamente solidários como nunca estiveram nos últimos 18 anos (é mais ou menos esta a minha memória política). Tenho de acreditar que se vai conseguir a aparente quadratura do círculo, que o PS vai sobreviver a 2006 e que vamos sair disto com uma democracia mais madura. Com o empurrão dado e o pedido feito ainda sou capaz de embarcar neste sonho e lutar por ele. Ah! E prometo não vir dizer no fim “eu bem vos avisei”. Se tiver alguma coisa para dizer serão outras coisas.