Segue manifesto escrito em “modo impulsivo”; queiram desculpar se vier a afinar mais tarde algumas linhas que me traiam o que quero efectivamente dizer.
Fica um excerto da conclusão. Texto completo no link presente no final desta entrada.
“Vejam que novos movimentos de acção política têm surgido em Portugal nos últimos… sei lá, 10 anos. Sempre reacções extremadas ao mau estar vigente. O BE, a nova aventura do Manuel Monteiro… Valemos muito pouco sentados à frente do computador se assim ficarmos o resto da vida. Valemos mais alguma coisa se nos nossos quintais formos coerentes com o que defendemos, mas temo que seja curto, que os jogadores reptilineos que ditam regras se alegrem por tamanho comedimento e satisfação dos que se preocupam em pensar e se inquietam. ”
Ontem conclui que há muito mais que fazer neste país. É um facto negativo, aborrecido potencialmente desmotivador descobrir que tenho de concluir que as limpezas terão de ser muito mais profundas e abrangentes. E necessariamente demoradas. Há poucos edifícios bem aproveitados e alguns parecem mesmo em ruína, a precisar de reconstrução. Estamos a fazer o diagnóstico na praça pública o que se calhar neste ponto é até positivo. O perigo é o descrédito completo das pessoas, a sua incapacidade em perceber que têm de se responsabilizar e agir, dedicar um pouco da sua via a fazerem um esforço mais profundo de compreensão da sociedade e do que querem para as suas vidas. É abraçarem, como no passado, alguém ou alguns que lhes ofereçam a fuga dessas preocupações. Emagrecer sem dieta, viver bem sem trabalhar, o El Dourado da publicidade na organização do relacionamento humano mais íntimo…
Falta-nos pois o plano para a mudança e o respectivo motor da mudança… Os que vejo hoje à frente dos partidos não têm cavalos de potencia e muito menos um mapa. Terão apenas algumas vagas direcções, umas quantas directivas dos interesses que representam, mas nunca um plano consciente das causas e efeitos globais das medidas avulsas que querem e/ou conseguem implementar… Infelizmente não chegam sequer aos calcanhares de Maquiavel. Não há sequer um Príncipe…
Há poucos abrigos seguros neste país por estes dias. Mas ainda assim o regime satisfaz-me formalmente, admito que algumas mudanças possam ser recomendadas mas não tenho ilusões quanto à sua natureza. Só uma democracia representativa enquadrada por um Estado de Direito nos dá hipóteses de construir uma sociedade de cidadãos livres, solidários, completos, integrados numa comunidade humana mundial. Mas este regime é feito de pessoas, baseia-se em valores que abaixo dos princípios gerais podem ser muito diversos. Não percebemos ainda o que é a democracia, o que ela tem de exigir de nós, nem o que devemos exigir de quem nos representa. O pior é que quem nos representa parece estar satisfeito com esse poder acrescido que lhe é implicitamente delegado pela desresposabilização anexa. Alguns percebem que esse é o caminho para um potencial abismo e entre estes haverá seguramente alguns outros que verão sempre nisso uma oportunidade nunca um perigo. Mas se calhar a maioria fica-se pelo interesse pessoal que os leva a imaginar que já não será no seu tempo, que há sempre um retiro, uma fuga quando o barco começar a naufragar.
A Europa não é um dado adquirido, nada é definitivo na história. Tem-nos valido esse paizinho para andarmos descansados com os dislates internos, mas a consciencialização de tantas realidade ocultas em tão pouco tempo deixa-nos sem saber o que pensar e como agir. Há falta de melhor proposta e atendendo ao que disse só vejo a solução clássica. Entrar no sistema para dentro de uma das suas instituições (que possuem no seu seio forças centrífugas espantosas para com os recém chegados) ou acrescentar algo ao sistema.
Este país é feito de mais de 10 milhões de pessoas que só poderão ter um estado que as mereça se perceberem que são elas o estado que é tempo de reagir assumindo a responsabilidade, demandando a exigência, participando. No fundo fazendo inversão de marcha face ao caminho por onde nos dirigem os acontecimentos e o entretenimento. Mission Impossible?
O que pode um bicho da terra tão pequeno ó Luis Vaz?
Pela minha parte (e todos temos a nossa parte) vou continuar a defender os meus princípios, os meus valores, vou continuar atento e já agora, tão importante quanto isso, vou continuar a desempenhar as minhas funções profissionais que tenho a sorte de ter, com o máximo de isenção e rigor enquanto funcionário da Administração Pública.
Também eu lido com informação, também trabalho numa equipa que produz informação que é divulgada publicamente todos os meses e é amiúde utilizada na governação das empresas, do país e inevitavelmente na guerrilha política e parlamentar. Emito as minha opiniões políticas, aqui por exemplo, não sou mas podia ser filiado num partido, mas tenho um compromisso que não confundo, percebo perfeitamente as responsabilidades que tenho no momento de analisar os números oferecidos por empresários e cidadãos. Tenho brio em assim proceder e é isso que tenho de exigir aos outros que tenham responsabilidade para com a comunidade. É simples, tão simples de perceber.
É bom ter uma consciência e perseguir a correcção do erro. “Se não receio o erro é porque estou disposto a corrigi-lo” como disse um dia um sábio português e cujo lema abraço todos os dias humildemente. E depois, caros espertos, que piada tem um jogo onde estamos a mudar as regras… Qual é a pica em se ganhar assim? Um enfado, um gozo que nem satisfaz os instintos básicos do reptil…
Feito o warm boot mental (há características que continuam sempre residentes na memória até ao final) venho aqui para agradecer as palavras deixadas que me dão alguma esperança adicional.
Além deste importante apoio que podemos ir partilhando quando um de nós – já nos imagino uma comunidade de amigos – vai passando por momentos de dúvida e descrença mais acentuada, além de irmos discutindo pontos de vista, procurando enriquecer o nosso entendimento e concebendo respostas para os problemas do mundo, era conveniente e talvez venha a ser indispensável que tentássemos assumir outro tipo de atitude mais organizada, com mais poder para contribuir para uma solução. E aqui é que a porca tem torcido o rabo. Vejam que novos movimentos de acção políticas têm surgido em Portugal nos últimos… sei lá, 10 anos. Sempre reacções extremadas ao mau estar vigente. O BE, a nova aventura do Manuel Monteiro… Valemos muito pouco sentados à frente de computador se assim ficarmos o resto da vida. Valemos mais alguma coisa se nos nosso quintais formos coerentes com o que defendemos, mas temo que seja curto, que os jogadores reptilineos que ditam regras se alegrem por tamanho comedimento e satisfação dos que se preocupam em pensar e se inquietam.
Onde nos poderá levar esta possibilidade de contacto possibilitada pelos weblog? Haverá alguma coisa que possa amadurecer por aqui?