à curioso. Ainda ontem em jeito de brincadeira dizia que “não há coincidências”. Levando ao extremo esta verdade irrefutável só posso concluir que o Francisco José Viegas, vendo que hoje era dia de aqui deixar o artigo da Constituição sobre Outros Direitos Pessoais resolveu escrever sobre a matéria a que aà se alude na sua crónica do JN (e agora no Aviz)! 😀
Com a subscrição do excerto do Guerra e Pas que já aqui deixei, vinculei-me a discordar com o Francisco. Aproximo-me também da opinião do Paulo Gorjão e julgo poder dizer no plural “tal como Francisco José Viegas, condenamos a moralização da vida pública. Mas condenamos igualmente a moralização do discurso polÃtico.”
Para quem não está a perceber nada desta conversa (e recomendando sempre a leitura dos textos que aqui se encontram referenciados), resumo dizendo que se todos – os citados â parecemos concordar que os polÃticos não são ininputáveis no campo criminal, já não concordamos inteiramente na definição das fronteiras da esfera privada e inviolável de uma personalidade pública.
Não defendo a criação de uma brigada de jornalistas de costumes, ou de uma imprensa de costumes que redunde no tabloidismo britânico, mas tampouco perfilho da pacatez conivente da imprensa portuguesa quando é flagrante a hipocrisia entre o discurso moralizador de uma individualidade e a sua prática corrente. Não me imagino a censurar um jornalista que exponha uma situação dessas desde que se baseie num trabalho jornalÃstico sólido (princÃpio do contraditório, confirmação por mais do que um meio, flagrante prova da hipocrisia denunciada, etc).
Há perigos na implementação desta prática e o Francisco sublinha-os: “(…) abrir a porta para a “escandalização” da nossa pobre e cinzentÃssima vida polÃtica é meio caminho para a desgraça. O moralismo das primeiras páginas é o pior de todos. (JN)”.
Eu prefiro pagar para ver. Prefiro aumentar a pressão de responsabilização de quem se propõe dar lições, servir de modelo, granjear simpatias sentado em cima da mentira. O perigo de que fala o Francisco, bem real isso é evidente, é tanto mais grave quando mais acrÃticos forem os leitores, ou seja, quanto mais acreditarmos na mediocridade de quem connosco convive. Pelo que li ontem e pelo que vou vendo daqueles que me rodeiam, há muito pasto para essa fogueira em Portugal mas… Mas o desafio, aqui como em relação à interpretação da aplicação da justiça em casos mediáticos, por exemplo, não pode passar pela auto-censura, pelo paternalismo exacerbado de protecção dos tolinhos-potenciais-linxadores via acordo de cavalheiros entre visados e visores. O desafio passa por ganhar a outra guerra mais profunda, cuja vitória nos dará todas as garantias, a de destruir a Onda de Parvoice. Sem isso, todas as restantes soluções para os restantes problemas não passarão de âsecond best solutionsâ?. Talvez sejam ilusões de juventude mas por agora fico-me por querer o óptimo.