Enquanto cidadão, acho louvável o que vejo feito por uma secção de um partido político aqui na blogo-esfera. Não sei quem são, nem se têm facção, se são feios, se são bonitos. Pelo blogue adivinho-lhes dedicação à sua secção e aos ideais do seu partido que não exitam em debater entre si e connosco nesta esfera.
Não sou militante do PS nem de nenhum outro partido, mas sinto alguma esperança na actividade política quando acompanho com regularidade um projecto como este. Orgulhosamente do seu Partido Socialista. Para ser franco não conheço mais nenhum caso destes na blogo-esfera.
Na minha cartilha ignorante e preconceituosa que desconfio partilhar com muita gente, a militância de base é mal vista. Geralmente constituída por uns broncos tachistas e candidatos a espertos que andam por ali sem chama à procura de um eventual poleiro que lhes surja nas negociatas de um congresso, nas barricadas de uma estrada ou coisa que o valha.
Na minha cartilha ideal e sonhadora, um partido dever-se-ia fazer a começar por baixo, com estímulo intelectual e energia criadora. Devia nascer e renascer sempre pela semente, nunca a pegar de estaca.
Fraternidade, discussão, fins comuns que nunca seriam enegrecidos dia após dia por ódios de estimação, nascituros de “contagens” e “recontagens” em eleições democráticas.
Como sei que não há cartilhas escritas a tinta, balanço entre a esperança e o desespero de quem não vê nada melhor que uma democracia representativa.
O “histórico” de preconceitos que acumulei sobre as bases (e as cúpulas!), quase exclusivamente por gravidez de ouvido, mas também por contacto com os media, misturado com alguma memória do que se passa, fica algo redimido ao acompanhar gente com vontade de debater e de reflectir com mais ponderação e bom senso do que muitos que não apresentam carimbo partidário (talvez para fugirem a um estranho estigma paralizante que parece já ser considerado inelutável pelos próprios).
Espero que surjam mais projectos de interacção como o Ter Voz no PS e noutros partidos neste meio. Que acreditem nas suas capacidades e se exponham ao país mostrando o que têm de melhor, sempre com humildade, ajudando a limpar estes crescentes preconceitos sobejamente alimentados.
Se calhar a aproximação com o eleitor faz-se mais por aqui do que por qualquer reforma do sistema eleitoral.
O mal está nos partidos (e nas pessoas que têm lá dentro) quando eles próprios esquecem o porquê da sua existência e os requisitos mínimos para manterem a sua integridade e a utilidade para o país.