Poucas coisas nos mobilizam mais do que malhar noutros portugueses. Pelamo-nos por um tipo articulado que saiba malhar no outro recorrendo a um leque variado de lugares comuns. Podem até ser só provérbios populares.

Queixamo-nos dos alemães, do seu moralismo excessivo, dos seus telhados de vidros, mas o que é certo é que sem eco por cá, sem cultores da reciprocidade da culpa, a “culpa” que nos é vendida como um absoluto local, a coisa não colava. Temos paletes de malta superior por cá, provavelmente em processo de concentração por centrifugação dos que zarpam para a diáspora.

Duvida? É ver quem mais mobiliza a opinião pública e ao que recorre para o fazer. Insidiosamente tudo se simplifica e culpabiliza com recurso a bonitos estereótipos, preconceitos e bodes expiatórios. Os políticos são o alvo preferencial, mas sobra para todos. Quando lemos sentimo-nos superiores identificamo-nos com o crítico, elevamo-nos sobre o criticado para logo no texto seguinte sermos nós – pelos nossos hábitos e maneiras – as vítimas. Tragicamente somos portugueses. Será que conseguimos perceber isso? Pensar dá trabalho, já embarcar na turba que quer enforcar é só gozo. Poucos querem ser deputados do Xerife.

E assim se vai instalando a lei da selva. Viva Asterix!