O Joel tocou ontem numa questão complicada. A adopção e a homossexualidade. Digo complicada porque é difícil definir uma linha de pensamento robusta que não depare com paradoxos morais ou práticos. O aborto, a eutanásia, a manipulação genética em humanos, as barrigas de aluguer, mesmo os bancos de esperma e a utilização de embriões para investigação são questões que formam uma nebulosa que neste nosso cantinho têm carecido de esclarecimento colectivo. Qual a nossa posição enquanto comunidade? O que é que queremos regular? Demasiadas vezes a omissão e a hipocrisia fazem “lei”.
Tenho diferentes graus de convicção quanto a cada um destes temas e não interessa aqui agora expor o meu pensamento integral sobre cada um deles. Ocupo-me apenas de sublinhar que, apesar de alguns dilemas colaterais e não insignificantes que se prendem com efeitos da medida concreta sou levado a concordar com o Joel na sua análise sobre a adopção e a homossexualidade. Mas…

Tenho diferentes graus de convicção quanto a cada um destes temas e não interessa aqui agora expor o meu pensamento integral sobre cada um deles. Ocupo-me apenas de sublinhar que, apesar de alguns dilemas colaterais e não insignificantes que se prendem com efeitos da medida concreta sou levado a concordar com o Joel na sua análise sobre a adopção e a homossexualidade. A “proposta” do Joel é talvez a de mais difícil execução, dependerá sempre de demasiados aspectos subjectivos numa avaliação dos candidatos a “adoptantesâ€? mas o princípio defendido pelo Joel parece adequado. A avaliação é por definição um processo de equilíbrio entre objectividade e subjectividade. Trata-se de sugerir mais um parâmetro, de reconhecer que há uma diferença que deve ser evidenciada nesta questão muito particular:

“(…) Não é boa nem é má. Mas, da mesma forma que as comissões de avaliação têm de aquilatar sobre a solidez emocional ou a estabilidade financeira dos candidatos à adopção, também a orientação sexual destes deve ser tida em conta no momento do despacho.
Os homossexuais devem poder casar. Como é óbvio: vivem em comunhão e devem usufruir das vantagens (e submeter-se às obrigações) de quem vive em comunhão. Mas, no que diz respeito ao casamento, tudo se passa na esfera dos dois – são eles quem se casa e são eles quem arca com as consequências disso.
A adopção é diferente. Há uma terceira pessoa a arcar com as consequências desse casamento (ou dessa união, em termos latos). E essas consequências não podem ser atribuídas com base em pressupostos de excepção – até porque a criança adoptada não pode escolher.

Tudo parece bem. Já posso dormir descansado…ou talvez não…
Defender isto implica reflectir muito bem também sobre outras questões relacionadas… Deverá um casal de lésbicas (por exemplo devidamente encartado – em países onde o casamento já seja uma possibilidade) poder recorrer a um banco de esperma para engravidar? Até onde deve ir a disposição imperativa do Estado sobre as liberdades de cada um? Pegando no que defendo sobre o aborto (remeti para a opinião do Paulo Querido) perante esta outra questão estou num dilema. As duas opções parecem recomendar comportamentos distintos para a questão da fertilização in-vitro de homossexuais. Pegando na resposta ao dilema da adopção entre homossexuais poderia opor-me terminantemente a essa prática defendendo com isso que a utilização do sémen seja controlado pelo Estado. Seguindo o raciocínio aplicado quanto ao aborto, onde privilegio o poder soberano da mulher mesmo perante um aborto, seria estranho agora vir impedi-la de engravidar de sua livre a expontânea vontade. Ou seja, deveria defender a liberdade de opção de toda e qualquer mulher independentemente da sua orientação sexual e da forma como pressuponho que venha a educar um filho.
Pensando um pouco mais sobre estes assuntos talvez me aperceba que algumas das contradições são apenas aparentes, mas por hoje e agora… estou muito genuinamente perdido. Nem sei se ainda concordo consigo caroJoel

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