As opiniões sobre a fusão dos dois ciclos vão-se sucedendo. Por exemplo o pediatra Mário cordeiro, citado pelo jornal Sol acredita que a passagem actual do 1º para o 2º ciclo tanto pode ser “muito estimulante” (parece ter sido o meu caso pessoal) quanto “muito mau e extenuante“. Que se lixem os que ficam muito estimulados, preocupemo-nos com os problemáticos? Tudo bem, mas não obrigando todos a beber do doce e almofadado mundo. Não sei o que é pior…
Mas adiante, julgo que consigo entrever das citações de Mário Cordeiro uma perspectiva bem mais inteligente do que a que nos é sugerida até aqui. Mário Cordeiro propõe a “fusão”, mas se bem percebo um outro tipo de “fusão”, um gradualismo que não destroi o actual ponto de chegada, nem adia os momentos de passagem:

“Por isso, propõe que no 1.º ciclo do básico os alunos possam ter já dois ou três professores para matérias distintas: letras, matemática e ensino artístico.”

Ou seja, desde cedo fazer acompanhar o professor principal, por outros colegas, poucos, para algumas áreas de especialidade. Suponho que chegados ao 5º ano de escolaridade o choque não se revele tão grande, podendo ingressar no 2º ciclo nos moldes actualmente existentes e sem a tal fusão total que levaria as crianças a chegarem aos 12 anos com apenas dois ou três professores e inseridas no mesmo ambiente com que haviam começado a escolaridade (convivendo, claro, com putos de 5 e 6 anos). Convém não desencadear traumas previsíveis com o pretexto de acabar com outros. Uma criança de 11 ou 12 anos pode causar traumas sérios a petizes de 5 ou 6. Tal como se antecipa que podem causar professores batidos e preparados para o 2º e 3º ciclo em professores do 1º…
Confesso que quando li pela primeira vez a proposta de fusão me ocorreu logo a ideia de adiar os chumbos, protelando ano após ano a correcta aferição de conhecimentos que tem feito escola por aqui. Uma lógica à qual me custa atribuir qualquer bondade.

Mas se formos por aqui, (pelo proposta que entendo feita por Mário Cordeiro), por uma aproximação que se faça durante o 1º ciclo, talvez no 3º e 4º ano, já me parece uma “fusão” benigna, suprindo de caminho algumas limitações patentes nos professores do 1º ciclo e, não ignorando, que é também de passagens e de mudanças que uma criança cresce. É claro que a palavra fusão, neste contexto, me parece descabida, e provavelmente nem é defendida pelo pediatra.
Um assunto a continuar a acompanhar.

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