Fruto do sacrifício familiar e de uma enorme transformação no Estado português no pós-25 de abril, eu, neto de avós analfabetos, filho de migrantes internos, estudei, empreguei-me e hoje, não vivendo de forma abastada sou um dos 20% que mais ganham por mês em Portugal – o salário médio em Portugal ronda os 900 euros/mês.

Agora, se a corrente ideológica da PAF vingar, vou ter a “liberdade de escolha” na Segurança Social, na Educação, na Saúde. Poderei contribuir só um bocadinho para o coletivo, em especial porque ganho bem. Poderei plafonar-me. Afinal, porque hei-de pagar a reforma dos meus pais e de outros que se hão-de reformar não sabendo que reforma irei ter?

Mas, durante mais de 20 anos não paguei impostos. Foram os meus pais e outros como eles que, por exemplo, deixando de poupar um extra para a reforma, me garantiram 16 anos de escola, saúde e tudo o resto que contei como adquirido, da justiça à segurança pública e nacional passando por todas as infraestruturas e serviços coletivos de que beneficiei. Sem esse princípio de solidariedade intergeracional o que seria eu hoje?

Publicado originalmente no Diário Económico a 11 de agosto de 2015

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