O essencial e o acessório

Restam poucas dúvidas de que o ciclo eleitoral que vivemos é dos mais decisivos na história recente do país e do Partido Socialista. Pelo caminho teremos uma campanha que se adivinha populista, pouco escrupulosa, repleta de vitimizações, desinformação e calunia. É uma tendência que se vem agravando, mas a qual, a verificar-se, não nos deverá afastar do essencial.

E o essencial passa por afirmar que os portugueses valem muito mais do que aqueles que zelaram para que o país se dividisse segundo o patrão para quem se trabalha, a idade que se tem, o rendimento que se recebe ou o grau de formação que se possui. Pelo caminho, o PS terá de continuar a renovar-se, aproximando-se ainda mais da sociedade de que é parte, numa permanente batalha pelo contacto franco e aberto, pela modernização de procedimentos e pela comunicação mais orientada para a vida das pessoas e menos para as picardias da vida política.

O PS terá de ser um protagonista-chave da verdadeira operação de resgate de que o país precisa, o resgate da confiança em nós próprios. Somos um povo reconhecidamente generoso, solidário, com capacidade de trabalho e sem receio de novidades e de novos desafios, capaz de ser como os melhores e de singrar e prosperar perante grandes dificuldades. Temos também de resgatar a perceção de nós próprios como europeus de pleno direito nunca desistindo de nos fazermos ouvir, com sensatez e comprometimento com um projeto europeu em permanente aperfeiçoamento.

Neste ciclo político, o PS tem que demonstrar ser o partido com a melhor perceção do país e do enquadramento político em que vivemos e esse não é um desafio menor. O PS, se escolhido para governar, terá de apostar na crescente qualificação cívica, cultural, técnica e humana, na defesa intransigente da dignidade humana e na ponderação escrupulosa e competente da aplicação dos recursos públicos. A verdade é que Portugal está hoje mais frágil para enfrentar qualquer desventura que a conjuntura internacional nos ofereça nos próximos anos mas apesar do agravamento das nossas fragilidades, é um facto que uma parte fundamental da solução está na nossa capacidade de acreditar que está nas nossas mãos muito do que precisamos para sermos mais felizes, sem ter de deixar ninguém para trás.

Originalmente publicado aqui.

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