Não estou alinhado em fações internas, sou militante recente apesar de observador atento e eleitor regular desde sempre. Tenho amigos que hoje representam várias fações. Neste quase ano e meio de militância participei ativamente no que me foi possível, dando o contributo que sabia e pude dar, inclusive em iniciativas lançadas pela a atual direção.
Sempre que pude, em privado e, com menos detalhe, em público, comentei o que me parecia bem, mal e inaceitável. Este mês cheguei à conclusão pessoal definitiva de que o trabalho global da direção do partido não me dava garantias de cumprir com o mínimos exigíveis naquilo que se avizinha uma governação extremamente complicada e não cumpria sequer, também, com a gestão política exigível de quem lidera a oposição. Os 80 compromissos disseram-me muito pelo desequilibrio das propostas e pelo vazio e/ou superficialidade com que se referia a algumas áreas críticas da governação. Das pessoas recrutadas poucas me pareceram superar valores internos próximos e distantes da direção. Para mim funcionou como um balde água fria.

Bem antes de saber das intenções de António Costa, até antes das eleições, fiz esse diagnóstico e comentei-o com quem consegui dentro do PS. Por exemplo com camarados e não militantes que participam no LIPP Movimentos Sociais, grupo em que venho participando ainda antes de ser militante e que me levou a aproximar ao PS.

A noite eleitoral, pelo resultado absolutamente supreendente do PS e pela própria gestão política da noite eleitoral foi a minha gota de água. Se hoje António Costa não se tivesse afirmado como disponível eu estaria humildemente a preparar-me para o que antecipava, provavelmente conseguiria mudar pouco, provavelmente a mistificação venceria, co msorte bons ministros até supririam a ausência de balizas políticas internas em algumas áreas setoriais, provavelmente tudo pareceria bombeiro mas eu, em particular, estaria suficientemente motivado para cumprir com o que acho seria o meu dever e direito de militante: zelar pelo que interpeto a cada momento ser o melhor para o país.

António Costa veio facilitar-me a tarefa e com facilidade me junto aos militantes que afirmam que esta é, face à ameaça e à oportunidade perdida pela atual direção, a hora certa, a última hora para se lutar por um melhor PS que se apresente às legislativas. António Costa pelas competências que lhe reconheço e pela capacidade que já lhe vi em superar obstáculos, em reunir competências e pela avaliação que acredito os portugueses fazerem da sua carreira e da sua capacidade para governar está hoje melhor posicionado do que qualquer outro militante para garantir um melhor futuro imediato para o PS e uma melhor representação num governo dos interesses dos portugueses que se revêem no PS.
E é isto, pouco mais tenho a dizer. Interessam-me pouco as manchas passadas, as guerrilhas mais ou menos abjetas havidas que on the record e off the record me chegam aos ouvidos, de parte a parte. Nalguns caso, pude refutar as críticas (apenas naqueles em que vi com os meus próprios olhos provando o seu contrário – como seja a acusação de deslealdade- via foi generosidade que não pensava possível num grande partido…) noutros não tenho como avaliar nem devo fazê-lo confiando que em várias décadas de vida política haja pecados de parte a parte.
Esta direção foi esforçada, teve alguns bons momentos, nem tudo o que fez foi mal feito, deu provas de como ganhar eleições autarquicas num parte do país mas não chega, faltou-lhe o rasgo, a audácia e a capacidade de reação atempada demasiadas vezes. Sobraram-lhe inimigos reais mas exacerbados que tantas vezes lhes tolheram e surviram de desculpa para as suas fragilidades. E hoje, por estes dias, ao insistir em negar as evidências, ou recusar encarar com humildade e realismo o que os eleitores ditaram nas urnas, garante-me uma atitude que não quero ver no PS e que sei nada de bom trará neste mundo complicado para se assumir a política. Espero que a futura direção, se vier a conquistar o partido, tenha tudo isto bem presente. Creio que sim, por isso espero que uma maioria de militantes apoiem António Costa.

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