Tipicamente, os partidos políticos só têm tempo para pensar quando não estão no poder (às vezes nem isso, arranjando-se uns expedientes de última hora que disfarçam a incapacidade revelada na travessia…), uma vez recuperado o poder haverá afinco inicial na implementação da reflexão feita e com o tempo acabam por recordar vagamente o ruído de fundo que sobrou dos ventos do deserto. Como digo, parece que tem sido assim, daí correr a percepção de que a veia reformista de um novo partido que chega ao poder se esperar que decaia de forma mais ou menos abrupta relativamente depressa.

Para todos os efeitos este pode e deve ser um tempo de criação, de certa forma de depuração (dizem que a esquerda democrática europeia anda meio perdida, sem portos de abrigo especiais onde encontrar grande inspiração) mas pode também revelar-se de imensa frustração. Tudo dependerá do ânimo com que se quer fazer política, dos incentivos de cada um, das prioridades de cada grupo e, fundamentalmente, do conhecimento que se tem do deserto, é que geralmente os desertos estão razoavelmente polvilhados por oásis. Razão e coração como dizia o outro, razão e coração para além do slogan de campanha.

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