Hoje, após ter zurzido contra os off-shores e os seus malefícios, quando interpelado pelos jornalistas sobre o nosso próprio off-shore nacional na Madeira, o Ministro deu a mesma resposta que há décadas tem eternizado e contribuído para a propagação dos ditos: só mandaremos acabar com ele quando TODOS os outros países mandarem fechar os seus – e todos aqui é mesmo todos, à escala planetária.
A resposta parece racional (o risco de fuga de capitais) e parece também que estamos prisioneiros num dilema do qual nunca sairemos.

Será então legítimo perguntar se há de facto vontade política para atacar os off-shores, mesmo a nível Europeu?
Olho para o processo de Quioto (redução das emissões poluentes e afins) e sou levado a acreditar que sim. Há uns anos, perante a impossibilidade de acordo global internacional, houve determinação política para que, quase unilateralmente, a União Europeia começasse a implementar as metas de Quioto. Na altura outros grandes poluidores, maiores até segundo vários parâmetros, como os EUA e a Austrália, recusaram seguir o exemplo europeu. Ainda assim, pelo misto de laboriosa dedicação diplomática e pela congregação de evidências e de vontades que tiveram na União Europeia uma forte referência, o protocolo de Quioto foi sendo abraçado por uma maioria de nações. O tema será discutido em breve com o fito de traçar novos objectivos mais ambiciosos.

Porque não começar desde já, com igual empenho e determinação, o desenhar de um plano, em último caso suportado “apenas” pela União Europeia, para combater por todos os meios os paraísos fiscais à escala mundial? Não haverá mesmo mais nada a fazer enquanto algum gaulês teimoso, numa ilha distante, se recusar a mudar de hábitos? Mal de nós se nos guiássemos eternamente pelo pior dos nossos.
Estas respostas redondas têm de acabar.

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