É no mínimo bizarra a mensagem política que está implícita num subsídio de maternidade destinado a quem tenha decidido recorrer à Interrupção Voluntária de Gravidez. E se é certo que a leitura detalhada do decreto-lei me permitiu atenuar o choque inicial (o subsídio nesses casos é apenas uma fracção) parece-me que se perdeu uma excelente oportunidade de usar do pudor e de alguma reserva. Era e é possível recorrer a outros instrumentos ao dispôr da mulher debilitada na sua saúde, sem estabelecer preto no branco a relação directa que está na recente lei: o aborto dá direito a subsídio de maternidade.
Dá para perceber a indignação adicional gerada por esta lei, particularmente entre quem se opôs à despanalização da IGV (que não foi o meu caso), mas também entre pelo menos alguns dos que defenderam e defendem a IGV. A fronteira entre isto um subsídio directo e promotor do aborto esbate-se. Era um caminho que se dispensava inteiramente.
Por isso concordo largamente com a opinião pública hoje apresentada pelo MEP.

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