Se eu planear o rumo futuro de uma empresa (ou mesmo se planear a minha vida), se o discutir com os restantes accionistas (pode ser com a família) e se chegarmos a um consenso, ninguém esperará que o caminho a percorrer seja esquecido no dia em que venha a assumir a responsabilidade de dirigir essa empresa, no dia escolhido para agir. 

Nos partidos pouco se pensa no futuro e muitas vezes tudo o que se discutiu se esquece no dia seguinte à vitória eleitoral. Terá quanto muito servido para entreter alguns militantes iludidos? Quando há desculpa para a inflexão ela é invariavelmente a mesma: a situação mudou entre o momento de pensar e o momento de executar ou, por outras: "a situação é muito pior do que esperávamos".

Das duas três, ou há demasiado tempo que os partidos haviam deixado de pensar (dai o desfasamento entre o cenário esperado e o encontrado), ou a informação existente é insuficiente, mal apurada, mal interpretada, mal divulgada ou mesmo reservada apenas a quem está no poder, ou ainda a desculpa é apenas uma mentira oportuna para justificar o injustificável: não há um plano de conjunto, apenas pequenas cábulas e expressões pomposas sobre alguns aspectos do milho e dos pardais.

Em todo o caso o que vai dominando por cá há várias legislaturas além do que acima se constata é dar o paso seguinte: pedir cartas brancas. Grande parte dos programas de governo escrevem-se com tinta lavável ou com as palavras com que se criam redondas generalidades. 

Solução? Fazer diferente: usar os neurónios, ser fiel às ideias que se escolheram fruto de reflexão e compromisso e ser intransigente com a verticalidade, nossa e dos outros. Há quem viva assim, poderão viver assim os partidos políticos?

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