A presidente do INE deu hoje uma extensa entrevista ao Jornal de Negócios. Cristalina é o adjectivo possível. Deixo-vos dois excertos que me parecem particularmente significativos:

"(…) Diz que a missão "core" do lNE é produzir e difundir estatísticas com qualidade. Mas é também missão do INE promover a literacia estatística. Dado o défice de análise existente em Portugal, não acha que deveria dar esse contributo à literacia?  
 
– Penso que essa não é essa a missão dos institutos de estatística. A análise compete a analistas. A nós compete-nos produzir boas estatísticas e explicar como as construímos e como as fazemos. Apesar disso, não fugimos a fazer análise e fazemos algumas, nomeadamente nos destaques. Mas há outros exemplos: as alterações introduzidas nos anuários estatísticos nos dois últimos anos são um exemplo de que o INE não foge à análise que deve fazer "à posteriori", depois da consolidação da informação.  
 
Há por vezes a ideia de que o INE poderia fazer mais, mas vive no Iimite de recursos. Se tivesse mais recursos faria diferente?  
 
– É preciso ter muita atenção quanto à missão dos institutos de estatística: não lhes compete fazer previsões, não lhes compete fazer análise económica. Compete-lhes sim dar estatísticas rigorosas para outros fazerem a análise.   (…)"

"Na revisão da nova lei de bases do sistema estatístico nacional não houve qualquer alteração na independência do INE face ao poder político, nomeadamente, mandatados superiores à legislação e impossibilidade de substituição da direcção. Porquê?    

– Para apresentar uma primeira versão deste projecto Lei ao Conselho Superior de Estatística, o INE desenvolveu um trabalho exaustivo na análise de muitos sistemas estatísticos ‑ europeus e não só. O modelo que foi apresentado ao Governo pelo CSE não se afasta significativamente de outros sistemas. No sentido que está a dizer há um caso ou dois.  
 
As duas últimas direcções do INE foram substituidas com as mudanças de Governo. Não acha que deve ser conferida estabilidade de gestão ao INE ? Não propôs nada nesse sentido?  
 
– Como disse foi feito um estudo comparativo entregue ao CSE. A opção do Conselho foi a constante na proposta apresentada ao Governo.  
 
Portanto a opção do CSE, da qual é vice‑presidente, é a de que não é central garantir essa independência?  
 
– O projecto‑Lei corresponde à proposta do Conselho…  (…)"

P.S.: Note-se que o CSE (Conselho superior de estatística) é presidido pelo Ministro da Tutela. Aliás, aqui fica a composição integral:

Presidente:                      Ministro da tutela do INE – Pedro Silva Pereira

Vice-Presidente:               Presidente do INE – Alda de Caetano Carvalho

Vogais:                       

 

 Ministério da Agricultura, Desenvolvimento Rural e Pescas

 Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

 Ministério da Cultura

 Ministério da Defesa Nacional

 Ministério da Economia e Inovação

 Ministério da Educação

 Ministério da Justiça

 Ministério da Saúde

 Ministério das Finanças e da Administração Pública

 Ministério das Obras Públicas, Transportes e Comunicações

 Ministério do Ambiente, do Ordenamento do Território e do Desenvolvimento Regional

 Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social

 Ministério dos Negócios Estrangeiros

 Presidência do Conselho de Ministros

 União Geral de Trabalhadores

 Associação Nacional de Municípios Portugueses

 Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor – DECO

>  Banco de Portugal

 Confederação da Indústria Portuguesa

 Confederação do Comércio e Serviços de Portugal

 Confederação do Turismo Português

 Confederação dos Agricultores de Portugal

 Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses – Intersindical Nacional

 Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas

 Governo Regional da Madeira

 Governo Regional dos Açores

 Instituto Nacional de Estatística, I. P. – INE, I.P.

 Instituto Superior de Estatística e Gestão da Informação – ISEGI

 

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