Regresso de férias para ouvir José Manuel Fernandes na TSF a exigir que o Primeiro Ministro (PM) hoje apresente provas que permitam acabar com a boataria, com as insinuações e desconfianças, provas a apresentar durante uma entrevista de TV. Provas de que não foi favorecido ou que favoreceu uma universidade. Provas de que está inocente daquilo que o acusam… os boatos, as insinuações e as desconfianças que José Manuel Fernandes deu destaque de notícia.

O actual PM tem de refutar provas que não existem, provas de crimes que vêm a reboque de uma falha, uma eventual peneirice bacoca que o levou a pôr no currículo que era engenheiro quando é apenas… engenheiro técnico ou licenciado em engenharia.

De facto, saber se o actual PM algum dia subornou, reclamou favores e/ou pagou com favores  outros que lhe tenham feito seria a única questão que me interessaria. A mesma questão que levou dois ministros de Durão Barroso a irem de patins (depois de um bom trabalho de investigação e denúncia em que a imprensa participou) perante a evidência incontestável de que a filha de um dos ministros havia sido beneficiada por outro seu colega.

Ora o que até agora a imprensa me ofereceu quanto a este tipo de questão não se distingue do pior que pode oferecer a má língua nacional: insinuações, processos de intenções, julgamentos em praça pública. 

Para isto não vale de facto a pena comprar jornais e vale mesmo a pena lutar contra este tipo de imprensa que se arrisca a ser a única disponível neste país. Neste momento pouco me interessa a má gestão política que o gabinete do PM fez da questão (também já aqui o abordei de passagem), essa será uma questão interessante de ciência polítca mas cuja utilidade neste momento apenas servirá para desviar as atenções do essencial.

Para já poupo mais do meu latim sobre esta questão, remeto-vos para tudo o que já aqui escrevi (e já vai em quatro ou cinco posts) e, já agora, faço minhas as palavras do Paulo Gorjão sobre esta matéria. Nomeadamente quando escreve (sublinhados meus):

" (…) A comunicação social continua sem encontrar nada — repito, nada — que lhe permita inferir sem margem para dúvidas que José Sócrates não «agiu sempre de forma limpa, leal e legal».
Ora, entretanto, inverteu-se o ónus da prova. A comunicação social apresentou um conjunto de dados que, por si só, nada provam. Porém, a verdade é que ao fazê-lo contribuiu para que se instalasse a suspeição. De forma perversa, instalada a dúvida, a comunicação social exige agora a José Sócrates que prove que nenhuma ilegalidade foi cometida.
Eis o ciclo completo e a inversão do ónus da prova. Um péssimo caminho.
(…) já não sou assim tão novo como isso e que, evidentemente, não meto as minhas mãos no fogo por José Sócrates. Admitindo, porém, que possa não ter agido sempre de forma limpa, leal e legal, compete todavia a quem levanta a possibilidade de o não ter feito a responsabilidade de fornecer os elementos que façam prova clara e inequívoca disso mesmo.
Ora, até agora, nada disso aconteceu.

(…)  Recentemente, numa nota da direcção editorial, o jornal PÚBLICO assumia o papel de esclarecedor de boatos, embora delegando nos leitores o juízo «sobre o que estava certo e o que estava errado no que se dizia à boca pequena» (22.3.2007).
Hoje, na mesma linha «do que se dizia», o editorial de José Manuel Fernandes salienta que:
«É útil perceber se é falso ou verdadeiro aquilo de que muitos desconfiam. Isto é, que foi na UnI que concluíram as suas licenciaturas muitos políticos importantes (fala-se de nomes do PS e do PSD, talvez injustamente…); que a UnI teve como docentes outros políticos (Marques Mendes, Jorge Coelho, mas durante quanto tempo?); e que só se chegou à actual situação porque muitos calaram ou fecharam os olhos» (10.4.2007: 38).
Leio isto e não quero acreditar. O jornal PÚBLICO, em editorial, dá espaço ao «fala-se» e ao «diz-se», assim sem mais nem menos?
Não é por nada, mas parece-me que estamos a brincar com fogo.

Retirado daqui e daqui.

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