Vamos lá correr o risco de ganhar uma medalha de corporativismo… 

"Conhecer, por exemplo, quanto está a crescer a economia, qual está ser a aceitação das tecnologias de informação, ou quais as taxas de desemprego e inflação em 2007 absorverá, em média, 20 euros dos impostos de cada família contribuinte. Esta é uma conclusão que se retira do Plano de Actividades do Instituto Nacional de Estatística (INE) para 2007, disponível no sítio do Instituto. (…)

O INE prevê gastar este ano 37,2 milhões de euros na produção e difusão de estatísticas. Destes, 86% ou 31,9 milhões, serão financiados através de transferências do Orçamento do Estado. Os restantes 5,3 milhões de euros resultam de receitas próprias do INE "associadas a subvenções do Eurostat [o organismo estatístico da União Europeia], à execução de determinadas operações estatísticas e à prestação de serviços", lê-se no documento."

in Canal de Negócios.

Ó Joca! Aumenta aí o número das famílias que é para baixar o rácio! (Atenção! Isto é uma piada. E isto também.)

Ora deixa cá ver. Temos o Orçamento de Estado a gastar 31,9 milhões com o INE. Temos, segundo as estimativas da população para 2005, 10 569 592 residentes. Ora se em vez de dividirmos o bolo pelas famílias (há-as com 15 indivíduos e há-as com apenas 1) ficamos com 3€ por cabeça, por ano

É muito? É pouco? A minha resposta honesta seria: depende. E a sua?

Depende do quê? Da utilidade, da qualidade, do custo relativo face a outros bens comparáveis aquém e além fronteiras. Assim esta notícia não passa de má estatística e, desculpem-me lá voltar a bater no ceguinho, de péssimo jornalismo. É o mesmo que dizer qual é o PIB per capita e querer com isso caracterizar a situação económica de um país. Talvez algum detector de spin se atreva a vislumbrar mais alguma coisa…

E então, acham que fui muito corporativo até aqui? Vou tentar mais um bocadinho.

Seria interessante fazer uma comparação internacional (corrigida de paridades de poder de compra) com o que se passa noutros países nossos parceiros. E obviamente seria também interessante arranjar medidas de qualidade, um standard que permite comparações qualitativas. Só assim se garantiria a melhoria inequivoca do Sistema de Estatística Nacional e só assim notícias como estas poderia ser minimamente enquadradas. É claro que para serem devidamente enquadradas exigir-se-ia ainda um esforço de análise nacional com os restantes serviços da administração pública, nomeadamente aqueles em que também há já apenas contratos individuais de trabalho há muitos anos. Ou com aqueles que "concorrem" de alguma forma como a produção e difusão de estatísticas como sejam ao Banco de Portugal, ou mesmo o Ministério das Finanças.

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