Numa perspectiva racional, custa a perceber a reacção de Israel, ou melhor, os moldes desta à última provocação de que foi alvo. E até custa a perceber a um leigo, cá em Portugal, que seja desencadeada pelo governo do Kadima.

Por cá, especialistas afirmam que Israel caiu que nem um patinho no engodo montado pelo Hezbollah, Síria e Irão, reagindo da pior maneira possível e legitimando mais uma época de vitimização tão útil para a cativação de seguidores na região. Afinal, a reacção foi desproporcionada… Mas enquanto não especialista minimamente atento à história de Israel também não é fácil acatar esta tese que se funda sempre num pressuposto de ingenuidade do Estado Israelita. Estará Israel a perder qualidades na sua capacidade de gestão estratégica do conflito? Essa avaliação não se fará necessariamente no curto prazo, mas é a pergunta que se impõe aos nossos especialistas.

Tendo isto dito, porque raio me custa ainda mais passar pela destilaria que Joana Amaral Dias nos oferece hoje na última página do DN? A sua batalha parece ser uma questão de semântica, a de que chamemos terrorista ao Estado de Israel. Do alto da nossa condição de observadores não me custaria muito juntar-me à Joana e apontar o dedo. Objectivamente, aquela guerra há muito que é suja de parte a parte – ainda que esteja por identificar na história uma guerra que não tenha sido; enfim, detalhes. Parece ser uma questão de semântica dizia, mas fá-lo oferecendo de imediato duas castas de terroristas: a dos terroristas vítimas de colonialismo (conceito que estende ao estado Sírio e Iraniano, na qualidade de apoiantes dos mais fracos) e a dos terroristas impunes (o estado de Israel), resumindo a isto tudo o que nos deverá levar a definir a proximidade ou a distância entre as partes. Acho que é por isso que prefiro não beber da água-ardente da Joana. Passo!

Adenda: nos próximos textos retomarei as recomendações do anterior. 

Adenda II: A ler, na mesma linha do que aqui escrevo (mas em melhor), o texto "Modos de Vida" de Luís Carmelo. 

Adenda III: Bem como este "A Defesa não é legítima?" do Carlos Castro. 

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