Aqui há uns anos para arranjar receitas extraordinárias, uma muito competente e sereíssima Ministra das Finanças (assim aparece designada há vários anos por vários políticos e jornalistas da nossa praça) vendeu ao principal fornecedor de serviços (ex-monopolísta) a infraestrutura fixa que permite disponibilizar os ditos serviços, mais concretamente as linhas de cobre.

Hoje qualquer concorrente na área de fornecimento de serviços de comunicações que queira concorrer directamente com a PT tentando conquistar os seus clientes, tem sempre de pagar ao senhorio (a própria PT), dono da infraestrutura, uma renda.

Acontece que deixei de ser cliente da PT e fiz-me cliente do Clix à cerca de um ano requerendo a desafectação do lacete local em favor deste último prestador de serviços. Após um conturbado jogo do empurra (com uma demora injustificável por parte da PT  em completar os procedimentos técnicos) passei a ser servido pelo Clix com manifestos ganhos na qualidade do serviço e considerável poupança financeira. Tudo correu bem até à semana passada.

Aconteceu uma avaria na infraestrutura. Informei o fornecedor do serviço que por via de testes lógicos conseguiu identificar o local da avaria (alugures nas ruas de Lisboa entre a central telefónica e a minha casa). Com esta informação disponível informou o senhorio de que tinha de reparar a avaria em tal sítio. Avaria essa que impedia em absoluto a prestação de qualquer serviço, sublinho.

Hoje passados vários dias úteis, o rendeiro (a Clix) continua à espera de um contacto da PT (o senhorio) informando da disponibilidade de um técnico especializado em reparar infra-estruturas que resolva o problema de modo a que a clix possa voltar a concorrer com a PT (o concorrente), prestando o serviço contratado com cliente final.

De facto, a venda da rede fixa à PT foi uma medida de controlo do défice absolutamente extraordinária. É essencialmente por esta via que eu meço a competência técnica e a seriedade política na defesa do interesse público prestada por Manuela Ferreira Leite, então Ministra das Finanças.

Escusado será dizer que tudo isto era previsível na altura e foi matéria de debate.  O problema subsiste há vários anos com custos incalculáveis para a generalidade dos clientes e para a saúde e viabilidade dos concorrentes.

A Sonae, dona do Clix, decidiu este ano comprar a PT. Está quase. Ainda não sei se será bom para mim, mas duvido que seja pior do que aquilo que tenho: nenhum serviço. 

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