Contra Tempo
No Kontratempos encontra-se uma pérola:
" Quando o Titanic se afundou nas águas frias e fundas do Atlântico Norte, 74% das mulheres sobreviveram enquanto 80% dos homens morreram. «Women and children first», lembram-se? Em 1912, a modernidade ainda não tinha sido desconstruída."
Agora ide lá e descobri o título.
April 22nd, 2006 at 2:38 am
É de facto 5 estrelas.
April 22nd, 2006 at 9:32 am
mouseOver “o titulo” basta 😉
April 22nd, 2006 at 10:18 am
🙂
April 22nd, 2006 at 8:11 pm
O que significa “Em 1912, a modernidade ainda não tinha sido desconstruída.”? Nao percebo esta frase.
April 22nd, 2006 at 9:51 pm
Postas assim as coisas (tentando ridicularizar a quotas)o que se passou no Titanic foi um acto anti-paritário.
Mas se calhar é melhor perguntar ao autor lá no blogue dele.
April 22nd, 2006 at 10:24 pm
Eu sei o objectivo do texto, mas já se deram conta que a frase é obscura? No meu sentido de humor particular quis encostá-lo ‘a parede e perguntar-lhe se sabe explicar o que aquela frase significa ou se é uma frase efeito. Soa bem. Eu penso que é a segunda, porque sinceramente, paridade é a desconstruçao da modernidade???? What the fuck?
April 22nd, 2006 at 10:41 pm
Claro que é obscura 🙂 Claro que é uma frase efeito! (pelo menos para mim que não distingo um pós-moderno de um escaravelho perguiçoso). Mas pode ser que o TBR discorde, e afinal ele é que foi o autor.
A mim seduziu-me a pompa da frase final, mas particularmente a curiosidade estatística (um fetiche muito cá de casa). De qualquer forma, e bem vistas as coisas, ainda bem que me deu pretexto para este comentário, Gabriela. Volte sempre “descontruindo” estas… concessões.
April 27th, 2006 at 3:46 am
Bem, esta seria uma discussão para termos delongadamente em torno de um copo. Na impossibilidade, diria que o post remete para uma disputa ideológica entre os referenciais da modernidade e os da pós-modernidade, que se conflitualizam antes de mais nas ciências sociais. A pós-modernidade, com a quebra das narrativas históricas, assume a radicalidade do relativismo, da subjectividade e da alteridade, esquecendo-se muitas vezes que é filha da modernidade (o caso dos cartoons foi paradigmático). Segundo Giddens, a modernidade interliga-se com as instituições e modos de comportamento estabelecidos na Europa após o feudalismo, mas que mundializaram o seu impacto no século XX. A modernidade será essencialmente uma ordem pós-tradicional que a contemporaneidade vem decompondo em conceitos como desterritorialização, pós-fordismo, acumulação flexível ou incerteza. Ulrich Beck também é um autor relevante na rejeição da teoria pós-moderna.
À esquerda, a ideia das quotas insere-se precisamente numa lógica de valores pós-modernos, por oposição a valores estruturantes consagrados pela modernidade. A pós-modernidade, largamente assente no contexto social pós-1968, integra portanto uma disputa mais ampla nas esquerdas mas também na academia e nas ciências sociais. O meu post, claro, foi só uma provocação.