É triste, muito triste mas é também é uma velha estafada e historicamente trágica reacção, própria de quem pouco aprendeu com as lições do passado. Em jeito de brincadeira, se a guerra rebentar fujo dos Ana Sá Lopianos deste mundo e dou cobertura ao João Pedro Henriquenhos! Se a guerra começar? Ah pois, ela nunca parou… E infelizmente a resposta aos cartoons dinamarqueses não se fez na mesma moeda, por exemplo, com outros cartoons… É incomodo? Era bom que nada deste fervor e reacção estivesse a acontecer? Pois era, mas isso não quer necessariamente dizer que alguém fez algo que justificasse o que estamos a ver, e muito menos neste grau.

O problema está todo aqui, nas perguntas e respostas, na sucessão de posts do Glória Fácil (2, 3 e 4 de Fevereiro). O disparate vai ao ponto de (sem silogismos!) o João Pedro Henriques ser agora um pró-nazi em potência por ter escrito isto.

A coisa é séria, muito séria e não irá embora. A atrapalhar está o tipo de matemática de uma certa esquerda (adjectivo apagado) que tenta apenas extremar as coisas encostando à direita, perdão, à extrema direita (adjectivo apagado) quem quer ter direito a discordar do outro, a rir-se dele como consegue rir-se de si próprio. Se a liberdade de expressão andar na boca da extrema-direita deverei mudar a minha semântica para não ser confundido? Antes pelo contrário, devo defendê-la, defini-la, usá-la, denunciando esses outros falsos profetas…

Segundo percebo, as embaixadas incendiadas, as bandeiras queimadas, as ameaças de vingança proferidas por extremistas (?) um pouco por todo o mundo islâmico, depois da instigação vinda das mesquitas na passada sexta-feira estão justificadas porque um grupo de extrema-direita cavalgou a onda na Dinamarca.

Eu não tenho duvidas pessoais de que não sou extremista, intolerante ou anti-semita. Não tenho  complexos, não preciso de me demarcar dos extremos e condicionar o meu pensar pelo que eles dizem. Tenho-me é como uma pessoa próxima de alguns bons velhos ideiais de esquerda e fico sim complexado quando outros que frequentemente passeiam pelas mesma ideias me apanham à traição com enormidades (adjectivo apagado).

Tenho a minha liberdade para criticar, julgar (sim julgar) e defender o mundo em que quero continuar a viver. Tenho e uso a minha autoridade de cidadão para estabelecer em que ponto o respeito pelo outro colide com as regras do meu mundo, e neste caso concreto o que me assusta é a chatagem, a resposta à ofensa – que, convenhamos, foi mais desenterrada do que proclamada como tal pelos autores – pela violência. O que me assusta é a cobardia dos meus pares em denunciar o disparate que toda esta exacerbação é (aos nosso olhos).

Eu nem sequer não deixo que me ofenda quem quer; era bom que entre os muçulmanos esta lógica vingasse, mas até lá, este cartoon ou este, ou este fazem parte da minha liberdade, da minha cultura e da minha forma de estar no mundo. Só assim, com a coragem de me definir poderei controlar, por exemplo, quem quer cavalgar a onda vendendo entre os meus pares, a selvajaria que em tantos lugares hoje grassa entre os muçulmanos. 

Mais do que nunca, nesta altura é importante distinguir o essencial e ser firme na sua defesa. O JPH simplesmente arrasou a argumentação da Ana Sá Lopes, bastou um pouco de memória,  talvez mesmo, de bom senso, daquele que vai além dos fumos e dos urros do dia ou da cartilha do mundo bicolor. O futuro dar-lhe-á razão, espero que não lha dê tarde de mais para evitarmos males maiores entre nós.

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