Uma coisa é certa, qualquer espirro num agregado económico pode ter efeitos significativos numa economia como a nossa mas é também verdade que é do balanço entre vários potenciais espirros com diferentes pesos na estrutura da economia nacional que se fazem as contas nacionais. Veja-se o impacto ao nível de antecipação do consumo induzido pela perspectiva de aumentos do IVA que ocorreu durante o 2º trimestre! Quem o antecipava? Veja-se o impacto limitado do Euro 2004 em alguns agregados económicos, quem o antecipava?

Comparar as estimativas feitas ontem pelo INE com as últimas feitas pelo Banco de Portugal (quando mal se desconfiava do real impacto dos efeitos acima referidos) para assim qualificar os dados do INE de miraculosos é um tipo de situação a que qualquer pessoa em qualquer INE do mundo conhece e com a qual irá viver enquanto existir liberdade de opinião. Mas permitam-me que me atreva a sublinhar que merecemos melhor críticos, não só mais honestos como melhor informados. Eles são fundamentais para apontarem os erros forçando a melhoria da produção estatística.
Outra coisa muito certa, que é também um forte entrava directo e indirecto ao trabalho feito em qualquer INE do mundo é que são quase sempre poucos os políticos amigos da informação estatística credível. É bem verdade que a simpatia pelo INE varia substancialmente com o andamento da economia por este relatado e com o papel desempenhado pelo político em cada momento no sistema político nacional, mas por cá, infelizmente, o saldo destes efeitos não tem sido muito favorável ao INE como algum observador mais atento poderá comprovar se analisar os recursos disponíveis e, no geral, e a história do INE nos últimos cerca de 15 anos.

Dito isto, além de recomendar uma leitura mais crítica e menos superficial dos destaques (números e metodologias) do INE e de outros produtores de análises, recomendo também a leitura dos artigos de hoje na imprensa sobre a informação divulgada ontem, nomeadamente no Jornal de Negócios. Acho que está por lá quase tudo clarinho como água. Das peculiaridades do 2º trimestre aos efeitos (ou não efeitos) de base.
(continua)

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