Defender que há motivos para existir um regime de excepção para as Forças Armadas em várias matérias, como aqui tenho feito, (entre as quais as que se prendem com a idade de passagem à reserva/reforma) não é o mesmo que defender que tudo fique na mesma, que seja admissível, por exemplo, uma bonificação do tempo de descontos igual a 25% do tempo de carreira permitindo reformas antes dos 50 anos para quem entender e muito menos significa concordar com as “formas de luta” encontradas pelas associações militares.

Se consigo perceber boa parte da frustração acumulada ao longo de mais de uma dezena de anos face à ignorância, tibieza, desprezo e fundamentalmente face às indecisões e contra-decisões do poder político no que diz respeito a quase tudo o que se prende com a esfera militar, não deixa de ser inadmissível que os militares entrem num jogo de vale tudo. Apequenam-se e põem-se ao nível dos piores políticos que tiveram responsabilidades no Ministério da Defesa, dando a pior das imagens no pior dos momentos possível para a própria imagem das FA’s junto do povo, pondo em causa o próprio direito ao regime de excepção que deveriam merecer.

Perante o carácter generalizado dos sacrifícios no seio da administração pública é muito dificil aceitar a superioridade das causas que movem os militares e seguramente não é razoável compreender a proporção gravíssima dos meios utilizados.
Naturalmente, um Ministro da Defesa digno dessa função não poderia deixar de dizer o que disse hoje publicamente Luís Amado. Espero que se mantenha firme e leve até às últimas consequências a defesa do respeito pela Constituição da República Portuguesa.

Em jeito de nota de rodapé, diga-se que pela primeira vez em várias semanas me senti inteiramente ao lado do governo e absolutamente envergonhado pela oposição que temos, da esquerda à direita.

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