Autárquicas de 2001:
Penamacor, concelho raiano com cerca de 7000 residentes e mais de uma mão cheia de freguesias. Nas últimas autárquicas foi um dos raros concelhos onde uma lista de independentes venceu as eleições, interrompendo assim o pleno de vitórias obtido pelo PS desde o 25 de Abril. Venceu a lista de Domingos Torrão, um antigo militante socialista que não conseguira os favores da distrital para ser designado candidato oficial do partido.
Quando houve que decidir onde pôr o voto na determinação das forças no seio da associação nacional de municípios, alinhou pelo bloco do PSD/PP, contribuindo para a eleição de Fernando Ruas. Quanto ao resto, foi presidente de câmara e apresenta-se de novo a escrutínio.

Autárquicas de 2005:
Leio no blogue Penamacor que Domingos Torrão fez as pazes com o PS e será o candidato oficial do Partido (levando toda a equipa para a nova chancela). Na outra banda (coligação PSD/PP) o candidato será, nada mais nada menos, que um actual vereador socialista.

O Jorge Sanches, um dos autores do blogue (em que também colaboro, recorde-se) deu como título às chamadas de atenção para as notícias que relatam estes factos: “Política à Penamacor“.
Caro amigo, quantas freguesias, vilas e cidades deste país não se encaixarão, com maiores ou menores ajustes, neste mesmo tipo de “dialéctica”?

As autárquicas não são eleições partidárias na grande maioria dos concelhos (os vestígios ideológicos que ainda temos a nível nacional esfumam-se nas autarquias) e começo a desconfiar que, onde as eleições mantêm um pendor partidário – nas grandes cidades e em alguns cada vez mais raros feudos “sociológicos/geracionais” muito bem localizados no interior do país – os eleitores prestavam um melhor serviço a si próprios se esquecessem a símbolo e dedicassem algum tempo a recordar a sua vida no concelho nos últimos anos e a ouvir criticamente o que lhe oferecem os vários candidatos. Conheço com mínimo detalhe o que se passa em Castro Daire (feudo PSD) e a lição assenta também na perfeição.

Os prostitutos polítcos, de que se falava nos comentários do post do Jorge, em concelhos como Penamacor, não são os Domingos Torrões deste país, mas antes as “marcas”-partido. E são-no desde o momento em que nos querem fazer crer que há umas outras eleições além das autarquias: aquelas em que se contam cromos no final da noite, cromos que pertencem a cadernetas muito diferentes.

Também aqui os políticos que temos tendem a falar para um e sobre um país virtual. Em suma, também por aqui, o espaço para alguém que tenha coragem para ser diferente na forma de encarar e execer a política continua a aumentar.

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