Lisboa – A Outra Margem
E com um búzio nos olhos claros
Vinham do cais, da outra margem
Vinham do campo e da cidade
Qual a canção? Qual a viagem?
Vinham p’rá escola. Que desejavam?
De face suja, iluminada?
Traziam sonhos e pesadelos.
Eram a noite e a madrugada.
Vinham sozinhos com o seu destino.
Ali chegavam. Ali estavam.
Eram já velhos? Eram meninos?
Vinham p’rá escola. O que esperavam?
Vinham de longe. Vinham sozinhos.
Lá da planície. Lá da cidade.
Das casas pobres. Dos bairros tristes.
Vinham p’rá escola: a novidade.
E com uma estrela na mão direita
E os olhos grandes e voz macia
Ali chegaram para aprender
O sonho a vida a poesia.
Maria Rosa Colaço
January 30th, 2005 at 2:02 pm
Nao podia ter iniciado esta minha ronda cibernetica por melhor lugar-um poema belissimo com realidades.
January 30th, 2005 at 5:03 pm
Não sei se a Rosa Colaço escreveria o mesmo poema hoje!
January 30th, 2005 at 7:45 pm
Há por aí uns filhos da madrugada que se identificam com estes versos Mário, disso não tenho dúvidas.
January 30th, 2005 at 9:07 pm
Também não tenho dúvidas acerca disso, mas naquele tempo a escola era mesmo só para alguns, por isso tudo era melhor que nada.
E isso foi uma grande melhoria, e houve esperança e tal, mas agora isso mudou.
January 30th, 2005 at 9:21 pm
Bem sei Mário. Então não sei. Com avós analfabetos… Eu sou um pessimista cheio de esperança 🙂